COISAS QUE EU VI, OUVI OU VIVI: COISAS DA DÚVIDA – 

A DÚVIDA

De uma forma simples, pode-se resumir e dizer, que a dúvida se caracteriza, simplesmente, pela ausência da certeza.

Parece obvio?

Pois é.

 

A DÚVIDA NA FILOSOFIA

Sem querer adentrar num terreno complexo, porém, pela própria lógica, para os filósofos, a dúvida estava diretamente ligada à busca da verdade, principio que lastreava a concepção deles.

Santo Agostinho, considerava a dúvida como um elemento necessário para que a verdade fosse alcançada, e Sócrates, baseava na dúvida, a sua concepção, uma vez que, para ele, o conhecimento somente seria conseguido com o diálogo e a reflexão crítica.

Filósofos que foram seus discípulos e lhes sucederam, defenderam a importância do questionamento para o esclarecimento da dúvida, na busca da verdade, definindo a dúvida como a ausência da convicção sobre os temas em questão.

 

A DÚVIDA NO DIREITO

Quem nunca ouviu falar em “in dubio pro reo”?

Não é preciso ter estudado direito, para saber o que é, e é por isso, que até os menos letrados, sabem que é absurdo o que o stf, (letra minúscula), vem fazendo, e, até falam, que segundo viram nas redes sociais, é inconstitucional,

No direito penal, tem-se como princípio fundamental, a presunção da inocência, quando todos são considerados inocentes, até que se prove o contrário.

Portanto, no direito, todos tem o benefício da dúvida, e, se não houver clara evidência de sua culpa, o juiz será levado a absolve-lo por falta de provas, pois, “in dubio pro reo”.

DÚVIDA ATRÓZ

No popular, nós, “antigamente”, quando ficávamos numa situação de indecisão, costumávamos dizer que estávamos com uma “DÚVIDA ATRÓZ”, a popular “sinuca de bico”.

Verificando bem, a tal dúvida atroz, seria uma dúvida “cruel, desumana, feroz e até dolorosa ou lancinante”, de fato, bem mais difícil de encontrar a solução, do que imaginávamos na época.

 

A INDECISÃO É QUE MATA

Costumávamos também dizer que “A INDECISÃO É QUE MATA”, e a expressão induzia os menos afoitos a enfrentar a dúvida, desde que pesasse e medisse as consequências.

Me lembro, que no cruzamento das rodovias com a “linha férrea”, ou a “linha do trem”, a Rede Ferroviária Federal, nos idos dos anos 50, do século passado, chamada Estrada de Ferro Sampaio Correia, no Rio Grande do Norte, colocava uma placa com os dizeres: PARE, OLHE, ESCUTE E PASSE.

Como o “mau caratista” brasileiro, sempre procura uma maneira de “levar vantagem em tudo”, como diria Gerson, um deles descobriu uma “brecha” nos tais dizeres da placa, obrigando o órgão ferroviário a pagar uma exorbitante indenização, decorrente de um processo, que foi movido, depois de um grave acidente.

Segundo me lembro, comentava-se que o argumento usado pelo advogado, era o seguinte: seu contratante, baseado no que estava escrito na placa, PAROU, fora dos trilhos, OLHOU e não viu qualquer perigo, ESCUTOU e não ouviu nenhum barulho.

Portanto, como não pressentisse qualquer perigo, decidiu passar, mas não se deu bem, pois o trem abalroou o seu veículo, salvo engano, provocando, inclusive, mortes.

Como, também, o brasileiro só fecha a porta depois de roubado, o aviso foi modificado, retirando a “sugestão” PASSE,

A partir daí a placa recomenda: PARAR, OLHAR e ESCUTAR.

PASSE, se quiser.

Em dúvida, não passe. O problema é seu.

A AMIGA DE EXPEDITO – A DÚVIDA E O ARREPENDIMENTO 

Expedito sempre fala que as oportunidades “se apresentam” e nós, temos que aproveitá-las.

Temos que ter coragem de decidir.

É a história do cavalo que só passa selado uma vez, e, se não “passarmos a perna” e montarmos, já era.

Estava me lembrando de suas “tiradas”, quando “toca” o telefone.

Era o próprio.

Como era tempo de São João, eu falo: amigo, há quanto tempo, não nos falamos…

Como é, chove aí pelo Seridó?

E ele, demonstrando alegria, diz que está chovendo lá por Caicó, “qui é prá tá tudo ficá verde, na festa de Santana”.

Pergunto pelas novidades, e como vai o novo namoro, que, por sinal, já não é mais tão novo assim, e, pelo que se comenta, está bastante firme.

Ele fala dos preparativos para a Festa de Santana, que tudo vai bem no seu namoro com Cristina, e não tem nada para reclamar.

Ai, eu lembro a ele a história do cavalo selado, e digo que deixe de ser mulherengo e se aquiete.

Querendo mudar o assunto, ele diz: e pur falá nisso, mi incontrei cum Rose, uma amiga dus tempo de colégio, e murri di si rí, cum a história qui ela mim contô.

A história, é essa: Rose, recém aposentada, e, por ter trabalhado desde muito cedo, agora, na inatividade, lhe veio um sentimento de “vazio”.

Para começo de conversa, Rose também é separada do marido, e, sem namorado, à época, se sentia solitária.

Então, conversando com “Loura” – uma sua colega dos tempos de trabalho – a esse respeito, essa, lhe deu a ideia de se transformar em motorista de UBER.

Gostando da sugestão, tomou as providências necessárias e iniciou as suas atividades.

Certo dia, logo no início do trabalho, recebe um chamado, e, ao chegar ao local, era um bar em “final de festa”, onde o seu cliente parecia ser o último a sair, como se diz, vulgarmente, “na vassoura”.

Rose, estando em longo período de abstinência sexual, se impressiona logo, com as características do cliente: alto, louro, não “bombado”, mas de físico bonito, enfim, um cara desejável, que lhe despertou logo um interesse a mais.

Tomando o caminho previsto na chamada, lá para as tantas, escuta, quase que num murmúrio, o rapaz dizer: “estou doido para fazer sexo”.

Embora tenha tido uns pensamentos que correspondiam ao que acabava de ouvir, Rose, fala: olha eu sou casada e peço que respeite a minha condição.

Ele se cala, momentaneamente, mas volta a murmurar da forma anterior, e ela, já se sentindo partícipe da ideia, apenas escuta, sem nada falar, porém, já não tão determinada assim, a não cair na “cantada”.

Mais adiante, dizendo estar sem dinheiro, o passageiro, pede para parar num caixa eletrônico, mas volta sem dinheiro, pois alguma coisa deu errado.

Ela, já com outros interesses, que não somente o financeiro, fala que não tem problema e que ele poderá fazer o deposito depois, e então, lhe entrega um cartão, com as informações da conta.

Terminando a corrida em frente a uma bonita casa, ele diz: poderíamos tomar um banho de piscina e, depois, “fazer sexo”.

É quando ela “sem se sentir”, e de uma forma como que envergonhada, responde: mas, eu estou sem biquíni aqui.

Devido ter feito a observação num baixo tom de voz, a “possibilidade”, não foi ouvida.

O rapaz desce do carro, agradece, promete lhe mandar o dinheiro e se encaminha para a casa.

Por causa da dúvida para decidir, “o cavalo tinha passado selado”, pois, o biquíni, não ia fazer nenhuma falta.

No dia seguinte, o depósito foi feito, e hoje, quando ela passa pelo local, diz para si mesma: “se arrependimento matasse”…

 

 

Antonio José Ferreira de Melo Economista, [email protected]

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