CENAS QUE EMOCIONAM –

Este era o título de uma sessão da revista Cinemim, que todo mês publicava a foto de uma cena de filme, considerada interessante. Posso também chamar de “cenas marcantes” a relação que vou fazer agora de alguns momentos do cinema que eu considero inesquecíveis. Algumas opiniões podem parecer redundantes, mas não tem problema; não devemos nos incomodar com estas coisas.

“Luzes da Cidade” – Não poderia faltar o que alguns críticos consideram uma aula de representação: na cena final, o vagabundo é reconhecido pela florista, outrora cega, a quem ele, incógnito, ajudara a recuperar a visão. Emoção pura. Marcante também é uma das cenas iniciais, quando Carlitos atrapalha a inauguração de um monumento, ao ser descoberto dormindo no colo de uma das estátuas.

“O Garoto” – O menino enjeitado e criado por Carlitos chora em desespero ao ser forçado a abandonar a companhia do protetor, levado pelos funcionários de uma instituição de proteção ao menor. O desempenho de Jackie Coogan, ator mirim, é comovente.

“O Circo” – Carlitos na corda-bamba é atacado por um bando de macacos que tornam comicamente perigoso o seu número.

“Quanto mais Quente Melhor” – No papel mais sensual de sua carreira, Marilyn Monroe seduz Tony Curtis, com a intenção de ajudá-lo a curar-se de uma alegada, porém falsa impotência. Na cena final, o milionário personagem de Joe E. Brown descobre que a pretensa namorada é, na verdade, Jack Lemmon travestido. Não se dá por achado e, decidido, solta a emblemática frase: ”Ninguém é perfeito!…

“True Lies” – Em um quarto de hotel, Jamie-Lee Curtis encena um erótico e engraçado strip-tease, sob as vistas do marido que oculto na escuridão e sem o seu conhecimento, provocou toda a cena.

“Cinema Paradiso” – Nas cenas finais, de volta à cidade natal, o protagonista revê trechos dos filmes da sua infância, editadas pelo amigo projecionista, recém-falecido, como lembrança da antiga amizade. Muito bonito.

“Casablanca” – A cena final, no aeroporto, é de grande beleza plástica e singularmente enigmática. A famosa cena do piano (“Toque outra vez, Sam”), foi banalizada pelas controvérsias.

“Meu Ódio será tua Herança” – O tiroteio sangrento que representa uma inovação nos western é a cena mais marcante desse maravilhoso filme de Sam Peckimpah.

“Os Brutos também amam” – O filho do fazendeiro (Brandon de Wilde, garoto), a quem o protagonista (Alan Ladd) ajudou, corre desesperado tentando, inutilmente, impedir a sua partida. É comovente a desolação do menino.

“O Grande Ditador” – O discurso final do barbeiro/Chaplin, dirigido a Hannah, é um dos mais belos momentos na história do cinema.

“Psicose” – Janet Leigh morta a facadas pelo alter-ego de Anthony Perkins é a lembrança recorrente desse filme. Interessante, também, a cena em que Martim Balsam é assassinado na escadaria da pensão, onde ocorreram outros crimes.

“Meu Tio” – O personagem de Jacques Tati às voltas com as geringonças modernas instaladas no jardim do cunhado, tentando chegar à entrada da casa. Hilariante.

“Cantando na Chuva” – O cômico, louco e acrobático ballet de Cosmo Brown (Donald O’Connor), exaltando as vantagens do humor (“…faça rir, faça rir”); ou o número “Broadway Melodie”, protagonizado por Gene Kelly. A dança na chuva, simples e bela, faz parte da história.

“Viridiana” – A heroína, recém-saída do convento, promove um banquete para vários mendigos e outros desvalidos do bairro. Ao final do jantar, eles, embriagados, tentam estuprá-la.

“A Festa de Babette” – O lauto, imponente e emblemático jantar oferecido pela protagonista francesa aos moradores do vilarejo na costa da Dinamarca, que escolheu para viver.

“Crepúsculo dos Deuses” – A cena final, quando a personagem de Gloria Swanson, atriz decadente e no princípio da demência, imagina-se, num momento da vida real protagonizando uma cena de filme. Clássico de Billy Wilder.

Essas são algumas, entre tantas outras, que o mundo do cinema proporciona e que nos emocionam.

Selecione também as suas.

 

 

 

 

Alberto da Hora – escritor, cordelista, músico, cantor e regente de corais

 

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *