DA NECESSIDADE DO HÁBITO – José Delfino

DA NECESSIDADE DO HÁBITO – Falta de assunto dá nisso. Já ouviram falar na regra das dez mil horas? Ela nos dá conta que para qualquer pessoa adquirir domínio técnico no que for, necessário se faz a repetição diuturna. Até a exaustão, de preferência. Significa dizer, do ponto de vista teórico, que se você quiser, […]

DE HEGEMONIA – José Delfino

DE HEGEMONIA – Uma nova ordem mundial se avizinha. A história nos dá conta que o poder bélico, como forma de dissuasão pelo medo, sempre se impõe desde que o mundo é mundo. E numa forma cruel de retroalimentação, poder econômico e influência geopolítica continuam em união estável. Entretanto, olhar as relações internacionais, em função […]

DE FORTUITOS ENCONTROS – José Delfino

DE FORTUITOS ENCONTROS – Afinal, cada dia é outro. As horas, também. E ninguém tão exato como elas. E as coincidências, surpresas e repetições sublimes. Para uns, nem tanto. Para mim, muitas vezes. É que elas sempre me perseguem. Naquele ano a ditadura corria solta. Tinha sido assinado o acordo nuclear Brasil-Alemanha para a construção […]

DE ANALOGIA – José Delfino

DE ANALOGIA – Viver nesta parte do mundo onde eu vivo é algo aprazível e incomum. A felicidade e o infortúnio convivem com a monotonia das horas. A primavera, o verão, o outono e o inverno, avassaladores em suas peculiares características, parecem direcionar e atrapalhar um tanto o tempo. Na ausência das estações “comme il […]

DE GEORGE – José Delfino

DE GEORGE – De um certo modo, ele estabeleceu a evidência que o jazz americano poderia não ser necessariamente negro. E que os rabinos nas sinagogas e os ciganos nômades estariam mais perto dele do que seja quem for na África. Ele, um judeu, de repente afeito por força da sua religião a um certo […]

DE JOÃO – José Delfino

DE JOÃO – Ele foi um artista ímpar. Como intérprete, me pareceria ser o mais singular entre todos por essas bandas. Modificava compassos, destruía andamentos. Truncava as letras das músicas. Repetia muito o repertório, mas nunca se repetia. Ao violão, sua ideia de harmonia nunca era a mesma. Nenhum clamor rítmico, nenhuma vocalidade extrema. Os […]

DIVAGANDO – José Delfino

DIVAGANDO – Dizer o que se pensa é sempre um risco. Quando alguém me indaga se sou feliz, uso sempre a mesma máscara. Digo que sim. Afinal, não vem muito a propósito as pessoas se declararem infelizes. Mas sempre se segue aquele impacto, um tanto reflexo. Da falta de hesitação ao me expor tão falsamente […]

DE TRAUMA DE INFÂNCIA – José Delfino

DE TRAUMA DE INFÂNCIA – Quando criança, sempre que eu aprontava algo fora do esperado, mamãe e vovó repetiam. Da próxima vez vou chamar a mãe d’água, pra te levar. Eu morria de medo. Eu não sabia e elas nunca me diziam quem era ela. Criei a certeza absoluta que ela habitava o Maranhão. Cresci […]

DE VIAGEM – José Delfino

DE VIAGEM – Já pensaram num país onde as pessoas quando se encontram, ao invés de apertarem as mãos, abaixam suas cabeças? Que encaram a prática do auto-controle como religião? Que, por pura disciplina e educação, são ordeiros, respeitam filas e prestam atenção a tudo? E ouvem, mais do que falam ? Pois é, existe. […]

DOS ESPINHOS DO ISOLAMENTO – José Delfino

DOS ESPINHOS DO ISOLAMENTO – E eu aqui procurando administrar minha angústia. Abusando de racionalizações. Dos meus parcos e poucos mecanismos de defesa. Forçado a me esconder. Alternando, todo santo dia, todas as minhas máscaras. Afastado à força da multidão que costumava mergulhar deslumbrada em templos. Agora, só. E ela também, solitária nas ruas. Nos […]

DA FORMA DE FALAR E ESCREVER – José Delfino

DA FORMA DE FALAR E ESCREVER – Fumando e pensando aqui sobre um assunto interessante. Os erros de pronúncia. Como um que está sendo veiculado por ora nas redes sociais. Que teria sido cometido pelo Sr. Moro em recente entrevista, ao enunciar de forma errônea o nome próprio “Edith Piaf”, como sendo “Edite Piá”. Não […]

24 DE MARÇO, DIA INTERNACIONAL DO DIREITO À VERDADE – José Delfino

24 DE MARÇO, DIA INTERNACIONAL DO DIREITO À VERDADE – Vi, dia desses, postada no Facebook uma tirada do escritor e futurologista Alvin Toflin, que diz assim: “Os analfabetos do século XXI não serão aqueles que não sabem ler e escrever, mas aqueles que não sabem aprender, desaprender e reaprender”. Fiquei com a pulga atrás […]

DE CAIPORA – José Delfino

DE CAIPORA – É um tanto difícil falar da essência de cada paixão. Discorrer sobre ela e seus desencontros é uma jornada de regresso feliz não muito assegurado. Daí eu pensar que mais vale a pena cultivar outras artes. Apesar de todas elas serem apaixonantes. Como a arte do olhar, por exemplo. Nela economizam-se palavras, […]

DE CARONA NO CORONA – José Delfino

DE CARONA NO CORONA – Estava vendo um comentário de Alexandre Garcia. Em meio a explanação ele saiu com esta “pérola”: “… e agora esta vacina que vai estar disponível no país, que funciona 50% pra uns e para a outra metade, não…”. Feita uma pausa de efeito, proposital, ele exibiu aquele ar de desesperança, […]

JILÓ – José Delfino

JILÓ – Escolher a maneira de dizer o que se pensa é um risco calculado. Escrever, então, um artesanato complicado. Quando alguém me indaga se sou feliz, e isso acontece vez ou outra, invariavelmente digo que sim; pois não vem muito a propósito a gente se declarar infeliz. Não é mesmo? Só depois é que […]

A RAPOSA E AS UVAS – José Delfino

A RAPOSA E AS UVAS – A ingestão de bebidas alcoólicas , por prazer , é um hábito milenar. O Velho Testamento é bastante compreensivo quanto a isso na medida em que só cita , mas não faz qualquer juízo de valor dos porres de Noé , por exemplo. “ Noé cultivou a terra e […]

DEZEMBRO – José Delfino

DEZEMBRO – Ano bizarro, esse. Nunca perdi tantos amigos em tão pouco tempo. Mas, enfim, chegou dezembro, o mês do Natal. Os presentes, essas acomodações de sonhos e orçamentos, estarão escondidos em embrulhos coloridos. Bolas ocas de acrílico em diversas tonalidades, leves, frágeis, nas pontas dos galhos de pinheiros artificiais. Flocos de algodão-mocó imitando neve, […]

DE CARONA NO COVID IV – José Delfino

DE CARONA NO COVID IV – Acordei, como sempre, retardado. Ávido em ler notícias de, pelo menos, uns três dias atrás. Convencido que a visão linear das coisas, como resultado direto da racionalidade, pode até chegar próxima da verdade. E fiquei pensando como as coisas acontecem um tanto ao azar. Na dependência dos acasos, dos […]

MANDEI OUTRO DIA DESSES. VOCÊ VIU? UM CHEIRO – José Delfino

MANDEI OUTRO DIA DESSES. VOCÊ VIU? UM CHEIRO – Sou , mas não mais estou, médico. Sabia? O afazer, aquela alquimia de ter que enfrentar a dor física dos outros, um dia chega ao limite temporal. Tantos anos, fazendo todo o santo dia a mesma coisa pra ganhar a vida, me fez constatar que quem […]

ALEGRIA TRISTE – José Delfino

ALEGRIA TRISTE – Praticando um breve exercício só para me adaptar aos textos curtos e impacientes da Internet. Como dizia o meu professor, o psiquiatra Severino Lopes , tudo é “treno” na vida. Aquele som peculiar que ele emitia, ao invés de dizer a palavra treino. E que a gente gozava à socapa. Pego daí. […]