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Carlos Alberto Josuá Costa

“Apenas os que dialogam podem construir pontes e vínculos”. (Papa Francisco)

Saímos da ilha da desinformação ou mesmo da informação parcial e passamos a habitar o cotidiano da massificação de fatos e fatos que estão acontecendo agorinha, agorinha mesmo, aqui, ali e alhures.

Não interessa se na nossa casa ou num longínquo ‘bairro’ da Indonésia: o mundo ficou plano e a comunicação assumiu lugar de destaque no “tomar conhecimento” e no “dar conhecimento” numa velocidade assombrosa.

O que vi e ouvi, você também viu e ouviu. Mas não pense que só nós dois: milhões de pessoas, em línguas e costumes diferentes, também.

O mesmo assunto mostra a cara, e cada um de nós é receptor e interprete conforme o nosso entendimento, a nossa formação, e nosso discernimento em separar o joio do trigo.

Já não olhamos para o céu. Somos cartomantes de nós mesmos, sempre com a visão voltada para uma das mãos, onde desfilam as mídias que ‘viciam’ uns e ‘enervam’ outros.

É uma raridade você estar em qualquer ambiente e não perceber o quanto estamos de “cabeça” baixa, dedilhando como num piano sem cordas e sorrindo sozinho.

Ao mesmo tempo em que nos afastamos do contato presencial, do olhar nos olhos, do sorrir com o sorriso do outro, de afagar em consolos de solidariedades, também cumprimos um papel de suma importância em arrebanhar colaboração e compartilhamento em diversas necessidades: doação de sangue, mensagem de otimismo, acidente ocorrido, bloqueio de ruas, orações, ações filantrópicas, localizar alguém na multidão, eventos diversos, convites, amenizar solidão, um socorro qualquer e, até dicas de ‘promoções’.

Agora amigo essa tal de ‘corrente’ é f_ _ _ (bip): “reenvie para mais 30 se não você morre sem direito a ar condicionado no caixão”, “agora quero ver se você tem coragem para enviar para 10 amigos”, “se fosse sacanagem você já teria enviado”, e tal e tal, e tais abusos.

Tem até aquela que – “envie de volta para mim” – num puro deleite de narcisismo, tabulando o quanto querem bem a ele.

Se eu repassasse as ‘correntes’ que me ameaçam, já teria perambulado entre o céu e o inferno, sem esperança nenhuma de ‘salvação’.

Aliás, acho que quem inventou essa miserável de ‘corrente’ foi o tal do ‘encardido’.

Mas, vamos ao que interessa!

Onde está o cuidado que devemos ter com as mensagens que recebemos e enviamos?

Além dos contatos individuais existem os diversos grupos conforme as afinidades: ‘Família’, “Botequim Beleza”, ‘Mariposas’, ‘Gaviões’, ‘Peladeiros’, ‘Tropa’, ‘Sempre Amigos’, ‘Sempre Macaíba’, ‘Cinéfilos’, ‘50 Tons’, ‘Vinhos’, ‘Livros’, ‘Filosofia’, ‘Viagem’ e tantos outros alusivos a religião, futebol, política e até coisas, assim… Sabe?!

No perceber que somos o ‘dono’ da informação, não cuidamos em selecionar as mensagens ofensivas ou que possam agredir alguém de um dos grupos, levando portanto ao desentendimento e a consequentes respostas ‘malcriadas’ que acabam distanciando amigos, parentes e familiares.

E, se a distância é um percalço para regar e alimentar a amizade, basta uma centelha de opinião contrária, para que a admiração e o respeito tomem outro rumo.

Lembra o aconteceu na recente disputa eleitoral? Até hoje, ditos amigos, ainda guardam resquícios, matando e enterrando amizades.

Não somos obrigados a estar necessariamente de acordo sobre tudo, mas sim dispostos a compreender as premissas do outro sem obrigatoriamente ter que lhe dar razão.

Fique claro que também podemos nos enganar e errar em nossas críticas e convicções, porém nunca deixar que a emoção ideológica seja o condutor mestre no lidar com a coerência ou a contradição.

Sejamos inteligentes em raciocinar, compreender, ponderar e julgar qualquer pensamento expresso pelas “redes sociais” sem perder o brilho, o respeito e, o mais importante: sem esquecer que do outro lado tem uma pessoa tão suscetível ao aperfeiçoamento quanto nós.

Aproveitemos, pois essa facilidade tecnológica tendo ainda outro cuidado: a de não nos afastar das leituras dos livros, jornais e revistas, nem tão pouco de alimentar a preguiça em fazer a grafite deslizar pelo papel. Não perca a concentração nas tarefas diárias com o faniquito de curiar as mídias instante a instante.

Cada coisa a seu tempo e tempo para todas as coisas.

Sugiro que ao digitar escreva a palavra tal qual foi concebida, pois ela espelha a grandeza da língua pátria.

Ter bom senso ao saber que uma palavra, uma mensagem, uma foto, uma charge enviada sem o discernimento de perceber o impacto que trará no relacionamento interpessoal, poderá ser tarde para recompor laços tão significativos.

Faça das “redes sociais” um instrumento aliado, analisando em quais situações devo ou não simplesmente ‘enviar’. Não vale aquela desculpa: “enviei para o grupo errado” – o estrago já foi feito.

Preserve a sua imagem, afinal “Sei tudo sobre você”.

Carlos Alberto Josuá Costa, Engenheiro Civil e Consultor ([email protected])

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