CARNE E ESPÍRITO –

Respondeu Jesus: “Digo-lhe a verdade: Ninguém pode entrar no Reino de Deus, se não nascer da água e do Espírito.
O que nasce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito.

Não se surpreenda pelo fato de eu ter dito: É necessário que vocês nasçam de novo.” (João 3:5-7)).

Há milhares de interpretações dessas palavras de Jesus. A mais comum é a que diz dever o homem arrepender-se de seus pecados, mudar seus comportamentos, crer em Deus e viver segundo determinadas regras religiosas. Mas há também aqueles que acreditam que Jesus se referia à reencarnação; que seria preciso o homem renascer tantas vezes quanto necessário fosse para o resgate do seu mau karma.

Na verdade, Jesus fala do retorno do homem à sua origem, à sua essência divina, ao seu encontro com Deus – de onde saímos todos. Não trata Jesus de comportamentos externos, mas da nossa essência, do nosso Eu real. Ele diz: “O que nasce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito.” Quer o divino Mestre deixar bem claro a separação entre a matéria e o Espírito. Quem vive segundo a matéria deve procurar retornar ao Espírito – sua essência de vida. Não adianta apenas mudar o exterior – há que retornar à Fonte da Vida, que é Deus, em Espírito e em Verdade, à pureza absoluta.

Aquele jovem rico, que perguntou a Jesus o que deveria fazer para ganhar a vida eterna, cumpria todos os mandamentos sagrados desde a sua mocidade, conforme nos afirma o texto bíblico. No entanto, Jesus lhe diz: “Falta-lhe uma coisa: Vá, venda tudo o que você possui e dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois, venha e siga-me”. Sabia Jesus que aquele jovem ainda era muito apegado aos bens materiais. E sob essas condições, é impossível ao homem entrar no Reino de Deus.

Por seu turno, Nicodemos, segundo nos narra o Apóstolo João, era doutor da Lei em Israel, e, à noite, procurou Jesus, fazendo-lhe elogios. Jesus, todavia, aproveita a oportunidade para mostrar-lhe que todo o conhecimento intelectual que possuía não o conduzira à Verdade; que ele precisaria – assim como todos nós – nascer de novo para poder entrar no Reino de Deus, isto é, no Reino da comunhão com o Espírito, com Deus, com Cristo; precisaria encontrar-se consigo mesmo.

Deus sempre revelou ao homem que carne é carne e Espírito é Espírito. Desde a criação de Adão, pode-se notar a diferença entre o corpo – feito do pó, de elementos químicos – e o espírito – procedente do sopro de Deus, nossa Essência.
Ao discípulo que pedia permissão para, primeiro, enterrar seu pai, Jesus recrutou:
“Siga-me, e deixe que os mortos sepultem os seus próprios mortos”.

Há que se inquirir: que morto seria capaz de enterrar um outro morto? Nessa ocasião, Jesus nos revela que existem pessoas que estão, aparentemente, vivas, mas que, na realidade, estão como que mortas – suposto que ainda não despertaram para a verdadeira Vida.

Verdade é que, enquanto não despertarmos para a Vida que somos, não nascermos de novo, não nos conscientizarmos do ser que somos, não vivermos em perfeita harmonia com o nosso Pai Celestial e o Seu Cristo, ainda estamos, de certa forma, presos à ilusão, ao mundo material e, portanto, não estamos prontos para viver o Reino de Deus.

Tudo que sai de Deus é perfeito, porquanto não há imperfeição em Deus. Saímos de Deus e voltamos para Deus.Por isso, não vivemos para nos tornar perfeitos – posto que já o fomos na essência. Vivemos para nos tornar conscientes dessa perfeição.

Busque, pois, o seu auto encontro e você nascerá de novo. Nova criatura será. Seu comportamento será uma expressão do que você é por dentro. O seu pensar, falar e agir, se revelarão em perfeita harmonia com a sua Essência divina, e brotarão naturalmente iluminados pelo divino amor de Deus que sempre esteve dentro de você. Amém!

 

 

João Batista Soares de Lima  – Ex secretário de Tributação e Membro da Arca da Aliança – Movimento Cristão.
  As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

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