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Carlos Alberto Josuá Costa

Certa vez, num dos mirantes da beleza do Balneário Camboriú/SC, me deparei com um fotógrafo que eternizava a presença dos turistas, com a inserção de sua imagem em uma capa de revista. Naquele momento, para mim, tratava-se apenas de uma “lembrança” de viagem.

Rebuscando em meus papéis acumulados – não sei a quem “puxei” – encontrei a tal fotografia, como numa capa da revista CARAS.  Detive-me por alguns instantes, obervando dois aspectos: o meu charme e beleza na foto e, qual teria sido a tiragem daquela edição.

– Lucaaas… Vem ver vovô na capa da revista!

“Cadê a revista? Só tem a capa? Vovó Cléa tá muito mais bonita!”

O mundo fantástico das revistas, sempre me despertou atenção. Lembro-me muito bem que meu pai – Ranilson Costa – me levava lá na Ribeira, na Tavares de Lira, em Seu Luiz Romão, para eu escolher as revistas – Bolinha, Sobrinhos do Capitão, Brasinha, Riquinho, Gasparzinho – para exercitar minha leitura, concentração e interpretação.

Também gostava muito da revista ‘Soldadinho de Deus’, que papai recebia mensalmente da LBV. Nela me deliciava, e num gesto infantil e egoísta, escrevia na capa: não empresto a ninguém.

Cheguei a colecionar Zorro, Tarzan, Roy Rogers, Fantasma, Superman, ao ponto que uma parte do guarda-roupa era a casa dos meus heróis. Em 1974, quando voltei da Amazônia, todos tinham fugidos. Até hoje me pergunto por que não distribui cartazes com PROCURA-SE!  e colocado Durango Kid em seus encalços.

Em 1968, com dezessete aninhos, fui até a cigarreira do Gordo, em frente ao Cinema São Luiz, no Alecrim, e comprei com meus poupados recursos, a revista VEJA número 1. A foice e o martelo na capa, não me eram atrativos, mas fiquei encantado com os temas abordados em seu interior. A minha capacidade de entender as matérias esbarrava, de certo modo, na limitação da visão política que tinha do mundo. No entanto, todos os meses, estava debruçado em suas páginas. Ainda hoje, guardo conservadas do número 1 até a 20.

Fui sendo atraído por outras revistas – Fatos & Fotos, Manchete, Realidade, Sétimo Céu, Revista do Rádio, Revista do Esporte, – enfim outras, não tantas, naquela época, que abria o mundo da informação para um jovem ávido de conhecimento.

Adquiri o ‘vício’ de comprar toda revista número 1 (um), ao ponto de descobrir outros adeptos desta doidice, entre eles, Felizardo França de Oliveira. Toda vez que nos encontrávamos, a saudação era levantar o dedo indicador e dizer em coro: Número Um! Poucos entendiam. Muitos até pensavam que era uma referência a “loira gelada”. Neste meio, foi lançada a revista CLOSE e aí passamos apenas a utilizar o sinal, na intenção de não chamar atenção que se tratava de uma ‘revista masculina’.

Hoje existe circulando cerca de seiscentas diferentes revistas, abrangendo todos os assuntos que possa ser imaginado. De crochê a astronomia, de ciências a mitologia, de sexo a sociologia, de filosofia a moda, de atualidades a automobilismo, de esportes a religião, de arquitetura a fisioterapia, de halterofilismo a cinema, de fofoca a política, de cultura a banalidades, de curiosidades a culinária, de tecnologia a queijos, de informática a vinhos, de fotografia a artes marciais, de masculinas a femininas, enfim um incontável universo de variedades e informações.

Suas capas chamam atenção pelo gênero construído a partir de determinados recursos no estilo da mídia impressa. Entendemos através delas, além da qualidade gráfica, o apelo à curiosidade do leitor, circunstanciadas pela ótica da política, da violência, da saúde, do bem-estar e do culto ao corpo, tanto no aspecto estético como no erótico.

Apesar de a capa ser única em seu design, o apelo produzido pelo não verbal possibilita o ‘atiçamento’ dos sentidos, pela influência das manchetes e pela interpretação que cada um quer enxergar. Ela é um instrumento de valorização do conteúdo impresso. Cada edição, de um modo irresistível, busca conquistar o público e fazer com que eles consumam a revista.

Era assim, comigo, onde cada revista despertava minha atenção e incentivava meu desejo inconsciente de assumir o papel dos heróis, dos artistas, dos atletas, estampados em suas capas.

“Vovô, tá bom, agora vamos brincar!”.

Brincar, Lucas?! Logo agora que eu estava me vendo passar de uma capa para outra, nas tantas revistas que se comprimem nas prateleiras das bancas!

É mesmo vovô, você é um artista! Vou ficar atento para ver se vejo você passeando nas capas de Cebolinha, Cascão, Chico Bento e Tio Patinhas.

Carlos Alberto Josuá Costa, Engenheiro Civil e Consultor ([email protected])

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