CANÇÃO DO VENTO –

Estava sentado no terraço da minha casa de praia, ao lado meu fiel escudeiro e amigo Biu, um cão de guarda que parecendo entender meus pensamentos, observava aquela melodia estranha sem fazer nem um gesto, apenas olhava para mim.

Manhã sem sol, céu nublado, pequenas ondas, um mar preguiçoso, sem querer mostrar a sua vitalidade e eu olhando aquela cena e pensando em Deus; como são belas as criações divinas. De repente o céu começa a escurecer, o mar adormecido, a chuva mostrando a sua força, um barulho forte vindo do mar e uma ventania que chega a levar alguns objetos encontrados pelo caminho. os coqueiros altos e fortes se curvando diante da força do vento, os primeiros pingos da chuva chegando e eu juntamente com meu amigo, imóvel apreciando aquela cena. Aquela bela canção do vento.

O vento passou, o sol vai lentamente aparecendo, a chuva diminuindo e meus pensamentos voltados para as coisas da vida,  e como são passageiras. Naquele terraço já passaram amigos e parentes que hoje não estão mais aqui, ficando uma saudade imensa.

Sergio Bittencourt compôs a letra da música Naquela Mesa, se eu tivesse a mesma “veia poética” cantaria sem dúvida naquela rede, onde papai ou mamãe se deitavam e ficavam conversando horas com as minhas filhas quando crianças ou já mocinhas. Meus irmãos José Maria e Niris também faziam parte daquele aconchego familiar. O terraço e a velha casa de praia ficaram marcados  na memória da família.

Lembranças  ficaram e ficarão gravadas, de longe vejo um casal de namorados aproveitando o vigor da juventude, correndo e chutando as espumas do mar que se desmancham na areia. Vem  lembrança de Alzira mocinha, brincando de cacimbinha com as três filhas.

“O tempo passa e com ele caminhamos todos juntos.” A canção do vento já não  existe, o mar começa a se movimentar, o sol brilha, as palhas dos coqueiros quietas, a vida ali voltando ao normal, apenas as lembranças permanecem.  Essas não se apagarão.

 

 

Guga Coelho Leal – Engenheiro e escritor, membro do IHGRN

As opiniões emitidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *