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Adauto José de Carvalho Filho

O homem da biografia supostamente imaculada faz um discurso loquaz e suado pedindo aos candidatos do Partido dos Trabalhadores (PT) que mantenham a cabeça erguida.

Qual cabeça?

A pública, com pele de cordeiro; ou a por debaixo dos panos, desmoralizada pelos muitos escândalos que envolvem a sigla, a partir do mensalão. Esse deixou de ser uma ameaça, onde falsos líderes se justificavam perante a sociedade de forma desrespeitosa e que, após o julgamento do caso pelo Supremo Tribunal Federal (STF) chegou ao fim da linha: ameaça, acusação, condenação.

Um ex-presidente deveria ter (ou fingir) o mínimo de decoro com a função que exerceu e não ficar inflamando a sociedade contra fatos já julgados e que, queira tal autoridade ou não, baixou a crista do PT. Alguns dos seus líderes foram condenados, sentenciados e, como pessoas comuns a que o ex-presidente nunca de referiu, vão para a cadeia. A imparcialidade da Presidente Dilma Rousself é digna de registro. Embora tenha suas preferências e motivos para lastimar, assim suponho, se mantem com uma postura cabível a uma autoridade que sabe da responsabilidade e respeita a instituição que representa.

Acho que ex-presidente Lula Metido da Silva esqueceu que deixou o cargo de Presidente e vai se metendo até em jogo de castanha, sem contar as desastrosas ilegalidades que comete por ser metido demais, apesar da língua presa. Um homem que exerceu o mais alto cargo do país e, anos depois, em nome de uma quadrilha, usando um poder que já não tem, se dispõe a desestabilizar um dos poderes da República e tentativas toscas de aliciamento de juízes, mostra o nível do seu caráter e da sua ética pública e pessoal.

O homem está com a corda toda. Para aparecer vai até para o BBB 13, em fase de composição, o que, convenhamos, seria o lugar ideal, uma vez que mentir, negar, ludibriar, conspirar, comprar apoio com estalecas não seria nenhuma novidade ou representaria qualquer dificuldade para tal autoridade, uma vez que esse foi o cenário de sua vida pública e exposta aos poucos após o seu mandato.

Eu acho incrível como o crime tem adeptos no Brasil. E todos brasileiros de peso, inclusive o ex-presidente. A moda agora é alegar as biografias pessoais como se fossem heróis nacionais, mas, sem explicarem a natureza do heroísmo. Se foram guerrilheiros ou não, se contribuíram para a redemocratização do Brasil ou não, pouco importa. Seria mais um motivo para terem uma atuação pública ilibada e não, anos depois, serem julgados por corrupção, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Um verdadeiro herói tem princípios inalterados, posições pessoais firmes e não se declina ao canto de sereia do poder ou, quem sabe, no exílio, ensaiaram o canto das sereias para levarem cidadãos brasileiros, tolos crentes, a acreditarem em uma história mistificada e, agora, mentirosa.

O ex-presidente pede que todos permaneçam de cabeça erguida, como se fosse possível. Se eles atenderem ao mestre, certamente, mostrarão que os anos do PT, antes e depois do poder, foram uma peça teatral de ficção, onde sabidos e abestados se encontraram e viram uma estrela. Os sabidos subiram, subiram, subiram e quase viravam estrelas políticas; os abestados continuam nas filas do assistencialismo e do clientelismo, a grande marca dos anos de enganação do trabalhismo brasileiro e, agora, coitados, são convocados a andarem de cabeça erguida.

Eu lembrei uma história atribuída a Aristóteles Onassis, o milionário armador grego. Um repórter perguntou qual o segredo para ser um dos homens mais ricos do mundo? Ele olhou para o repórter e respondeu:

– está vendo aquela estrela?

– sim, respondeu o repórter,

– tudo bem, mais eu vi primeiro.

Acho que a história do petismo tem alguma semelhança. Os sabidos idealizaram uma estrela e, como ilusionistas, a deixaram ao olhar do povo. Eles subiram. Os outros continuam a ver estrelas, literalmente. O problema é que no meio do caminho tinha um Joaquim… e a história se inverteu ao ponto do mestre pedir que levantem a cabeça. Só não sei para que, afinal a estrela era falsa.

Adauto José de Carvalho Filho – Auditor-Fiscal aposentado, Bacharel em Direito, pedagogo, contabilista, escritor e poeta.

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