BRASIL EM CRISE –

Estamos vivendo uma das maiores crises de nossa história republicana, que impõe se desviar dum faz de conta inconsequente e não ignorar a situação. Dentro de um prisma de realidade, será legítimo dizer que a vida tem sido e será um passeio colorido, diante do estado de coisas do presente? Claro que não!

Temos a certeza, lembrando Manoel Bandeira, que neste momento o Brasil não tem sido Pasárgada, onde a existência é uma aventura. Creio que o Brasil de hoje, inspirado em Fernando Pessoa, procura um amigo. Um amigo que não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter coração, pois um amigo com estes atributos não permitirá que se faça com a Pátria, o que tem sido feito com o Brasil. É escandalosamente notório que chegamos ao ápice de uma crise ético-moral. Não é ela privilégio do presente, nem somos nós, seus criadores, contudo nossa cumplicidade emerge da conduta adotada na nação. Não é racionalmente compreensível que as coisas prossigam deste modo e maneira; não podemos permitir que se projete a gota d’agua faltante. É preciso, antes de disso lançar um basta, resgatar a dignidade do homem e redescobrir a vergonha.

Isso pode ser feito se rebrotar em nosso peito o sentimento de brasilidade que deve, acima de qualquer outro interesse, dizer presente do palco de qualquer negociação, que não implique em levar a bancarrota a verticalidade do homem brasileiro, minando de forma subliminar sua dignidade.

Esse sentimento, chamado patriotismo, é tarefa árdua. Somente um trabalho sério, voltado para a formação da consciência nacional, olhando-se os brasileiros com os óculos da igualdade e demonstrando que o Brasil AINDA é desse povo que o ama. Somente assim é que poderemos esperar a alforria econômica e nos livrarmos do vampirismo dos espoliadores da nação. O Brasil é ainda maior de que sua crise, embora aves de rapina insistam em espalhar fama de desalento nacional e torçam para que as coisas piorem. Sim, este país é maior do que a crise em que está jogado, porém, nossas soluções não nascerão do manuseio de uma varinha de condão ou do uso do pó mágico de pirlimpimpim como noticiado na fábula, mas da bravura, do trabalho, do capital produtivo, da dedicação e basicamente do sentimento de brasilidade que habita nossa alma. Não houve nem pode haver de repente belle époque tropical, como apregoou o milagre brasileiro de triste notoriedade e lembrança. Os problemas também não serão resolvidos por decreto. Somo um país pobre e, por ora, devemos viver como tal; não é possível darmos fumos de vida à europeia aos irmãos se integramos o chamado terceiro mundo; não basta produzir automóveis, aviões e canhões, se não temos pão, teto e instrução, pois o teto, o pão, a liberdade, não são favores, são direitos.

Essa é a nossa realidade, mas, não é esse nosso futuro. Creio que haverá uma revolução de postura, posto que já se ouve um grito materno que até filho surdo escuta; está se ouvindo a pátria amada, mãe gentil, pedir socorro pelas coisas do BRASIL!

 

 

Josoniel Fonsêca – Advogado e Professor Universitário, membro da Academia de Letras Jurídicas do Rio Grande do Norte-ALEJURN, [email protected]

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