BIZARRAS E DIVERTIDAS –

Se alguém lhe dissesse ser um cruciverbalista, você adivinharia de qual profissão se tratava? Se a resposta for um não, nada de encucar pensando ser um indivíduo desinformado, alienado ou de cultura restrita. Nem você nem eu, nem uma penca de gente conhece essa profissão. Muito menos é obrigado imaginar a sua existência. Cruciverbalista é o cidadão que cria palavras cruzadas.

No Ministério do Trabalho estão registradas mais de duas mil profissões diferentes. Algumas além de incomuns não são regulamentadas; outras nem existem nas estatísticas oficiais de emprego. Muitas são nomes complicados caracterizando profissões nada sugestivas. Mas que existem, ah, creiam, existem sim!

Certas denominações insinuam algum trabalho supostamente conhecido, mas nominam atividades sem qualquer similaridade. É o caso do regatão, indivíduo que comercializa seus produtos pelo interior do país; do saludador, aquele que leva a vida benzendo pessoas; do taxidermista, o empalhador de animais mortos; ou do virginalista, tocador de virginal, um antigo instrumento parecido com o cravo.

Na Biologia existe o ortopterólogo, que estuda grilos, gafanhotos e esperanças; o ictiólogo, que estuda os peixes; e o malacólaga, que analisa moluscos e conchas. Quem gostaria de ser um numismata para trabalhar com moedas? Ou um papiloscopista para atuar na identificação de impressões digitais? E quanto a ser podóloga ou tricologista? A condição precípua é ter vocação para tratar de pés e de cabelos, respectivamente.

No dia a dia nos deparamos com uma infinidade de profissões sem qualquer regulamentação, em razão do limitado número de adeptos e pelas características inusitadas que possuem. Embora reconhecidas e festejadas em outros países, no Brasil algumas delas passeiam na informalidade.

Você mulher, toparia ser uma carpideira? Basta chorar em velórios de defuntos desconhecidos madrugadas adentro. E quanto a ser uma especialista em odores corporais? Não aquele especialista dedicado aos odores agradáveis de perfumes finos, mas, a pessoa incumbida de cheirar diferentes axilas para testar o efeito dos desodorantes em cada uma delas. Isso mesmo, aspirar o “cecê” dos outros. E quanto a ser um testador de supositórios?

Chamaram-me a atenção duas dessas profissões desenvolvidas em países asiáticos com profissionalismo inquestionável. A primeira é o limpador de lutador de sumô. Como os lutadores são obesos e não conseguem limpar suas partes íntimas, especialistas são contratados para fazer esse serviço “sujo”.

A outra, desempenhada com naturalidade na China, causaria controvérsias no Brasil. Trata-se da recolhedora de esperma em clínicas especializadas para doação de sêmen. O trabalho delas é masturbar o voluntário até atingir o orgasmo e então coletar o material. Fico curioso em descobrir como se adaptaria o exercício dessa profissão em nossa cultura ou qual denominação receberia.

Este relato me fez lembrar do indivíduo que foi procurar emprego numa agência especializada. Inquirido sobre o que fazia ele foi enfático: “Eu sou operador de Pare-e-Siga”. Diante da ignorância do entrevistador, o operário teve que explicar a peculiaridade da atividade.

Na verdade, ele trabalhava oito horas diárias segurando uma placa de trânsito controlando a movimentação de veículos em rodovias em obras. Orientava o motorista mostrando a determinação de “Pare” ou autorizando seu descolamento com o “Siga”, quando fosse o caso. Orientações essas estampadas em cada uma das faces da placa. Certamente, um autêntico operador de Pare-e-Siga.

 

 

 

 

 

José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro e Escritor

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