BELEZA EM DOBRO –

Vivemos em um mundo onde os movimentos são uma constante, levando o ser humano a sempre valorizar mais o ter e o estar, do que o ser. Em meu caso, imagino em muitas situações minha mente e meu físico vivendo em conflito: enquanto o raciocínio pensa e busca na leitura e escrita o alimento para sua sustentação, o organismo sente necessidade de praticar exercícios gerando um conflito neutralizado nas últimas décadas pelo pratica diária de corrida.

Se ler é uma fonte inesgotável de prazer, correr e exercitar-se é permitir ser o que se é, aceitando-se com as limitações e superando-se.

Outro dia muito cedo deixei minha casa na Barra de São Miguel, quando a lua cochilava e o sol não acordara. A praia por onde frequentemente me desloco estava linda. Olhando para a esquerda com destino a Maceió, notei entre a areia fofa e a espuma das ondas calmamente quebrando a meus pés um caminho propicio a uma boa corrida. Percebia, de quando em vez minhas pegadas sendo apagadas pela água salgada do oceano bailando a meu redor. O vento soprava, trazendo em sua cantiga o cheiro das algas advindas dos arrecifes. Continuei correndo consciente de como o mar e a praia haveriam de permanecer eternos, irradiando aquela beleza característica do litoral sul de Alagoas.

Decorrera pouco menos de uma hora quando, ainda envolvido em devaneios, vi-me chegando à Praia do Francês, fonte de beleza e imenso encanto. Minutos após já degustando uma água de coco verde, olhei para o infinito e fiquei imaginando como duas localidades turísticas com potenciais de beleza incomparáveis, cantadas no Brasil inteiro em prosa e versos, tão próximas uma da outra, não se haviam unido ainda para alavancar de uma vez por todas o turismo daquela região.

Há poucos dias lendo um dos livros de Mc Beth me encantara um capítulo cuja síntese pode ser assim resumida: “às vezes, me sinto uma gota de água, tentando construir um mar, mas se eu não tentar não conseguirei um dia nadar”. Na antiguidade, as Cidades Estado (Atenas, Esparta e Tebas), se digladiavam em busca de suas hegemonias individuais. Geraram nomes inesquecíveis como Temístocles, Leônidas e tantos outros, mas somente foram realmente fortes quando se uniram em prol de uma Grécia pujante.

Que bom seria se a Barra de São Miguel e a Praia do Francês, apesar de integrarem municípios distintos, vislumbrassem a vantagem de um crescimento conjunto tendo suas virtudes enaltecidas com os defeitos e problemas minimizados.

Minha grande felicidade é conseguir dominar as necessidades intelectuais encontrando sempre tempo para praticar meus esportes preferidos não havendo hoje um único dia em minha vida sem escrever no mínimo por sessenta minutos, lendo por intervalo temporal idêntico e, da mesma forma conseguindo ainda, ao raiar do sol, praticar exercícios por igual período de tempo.

Da mesma forma tenho plena certeza que todos os frequentadores dos balneários mais lindos do mundo, Barra de São Miguel e Praia do Francês se sentiriam realizados se fosse firmada uma parceria entre ambos buscado o desenvolvimento do turismo na região.

Segundo conceituado pensador, o sal existente no mar é o mesmo presente nas lágrimas e no suor. Não é pois de se estranhar as semelhanças.  Cada um a seu jeito, em seu momento, se renova, limpa a alma e também nos dá forças para continuarmos tentando.  Nunca será tarde para unir as belezas das praias que frequento e tanto amo.

 

 

Alberto Rostand Lanverly – Presidente da Academia Alagoana de Letras

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *