AVE DE RAPINA –

Os urubus fazem parte do grupo de aves de rapina, que a mãe natureza criou para manter a limpeza da terra. São aves que se alimentam da carcaça de animais mortos.

Existem muitas espécies de urubus. No Brasil, podemos encontrar o urubu-rei, o urubu-da-mata, o urubu-preto, o urubu-de-cabeça-vermelha e o urubu-de-cabeça-amarela.

Um cavalo morto estava sendo devorado por urubus, quando passou o mendigo Josias e notou que uma das aves estava com uma das asas quebradas. O homem se apiedou do urubu mutilado e o levou consigo, estrada afora.

Depois de algum tempo, a fome chegou e Josias bateu palmas numa casa, cujo cheiro de comida de longe se sentia. Uma senhora abriu a porta e disse que não iria dar comida a um vagabundo, com um urubu nas costas. Deu tempo do pedinte ver um leitão assado, em cima do fogão e ficar com a boca cheia de saliva. Viu também a mesa repleta de bolos, doces e outras iguarias.

A mulher, praticamente, bateu a porta na cara do mendigo. Mas, pelas frestas, Josias a viu guardar no forno o leitão assado.

Muito desanimado e com fome, o mendigo sentou-se numa pedra ao lado da casa, para refazer as forças, com o seu amigo urubu.

De repente, o dono da casa chegou e avistou Josias ali sentado. Aproximou-se e lhe perguntou o que desejava, com aquele urubu nas costas. O bom homem se compadeceu do mendigo, que lhe confessou estar com muita fome dormida.

A dona da casa abriu a porta para o marido entrar, reclamando por ele ter antecipado sua volta. Disse que não tinha preparado nada para o jantar. Iriam comer feijão de corda com jabá e mandioca.

Seu Josué, o dono da casa, convidou o maltrapilho para matar a fome à sua mesa. Mesmo temeroso, Josias entrou e sentou-se, tendo o cuidado de acomodar o urubu doente aos seus pés, com as pernas amarradas com um pedaço de corda. Indignada com a presença do maltrapilho, a mulher fechou a cara.

Os dois homens estavam conversando, quando, de repente, o urubu começou a gritar. O dono da casa se assustou, mas o mendigo lhe disse que a ave estava se comunicando com ele. Estava dizendo que a dona da casa tinha preparado uma grande surpresa para o marido. No forno havia um leitão assado e na cozinha uma variedade de iguarias, como doces, bolos e bebidas.

O marido, então, exigiu que a esposa trouxesse tudo para a mesa. O homem estranhou que ela houvesse escondido dele aquele banquete.

O destinatário, entretanto, não era o marido e sim um amante da infiel mulher. Questionada, a dona da casa, falsamente, respondeu:

-Quis lhe fazer uma surpresa no fim do jantar, senhor meu marido!

A resposta da mulher não convenceu.

Acreditando na magia daquela ave de rapina, o dono da casa propôs a Josias, o mendigo, pagar um bom preço por aquele urubu. Afinal, nunca tivera notícia de que um urubu fosse capaz de falar com alguém. E aquele banquete que sua mulher preparara e lhe escondera, só lhe tinha sido servido porque o urubu avisara. Aquele urubu era um gênio!

Mas a proposta foi recusada e o mendigo seguiu sua caminhada, levando às costas o seu mais novo amigo, o urubu.

Violante Pimentel – Escritora

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