ASSIM É A VIDA –

“Ela é maravilha ou é sofrimento?
Ela é alegria ou lamento?
O que é? O que é, meu irmão?”

Anos de 2021/2022. O que escrever no primeiro dia do Ano Novo, quando se está envolvido por circunstâncias inusitadas em momentos da sua chegada?

Tudo passa a ser diferente e indiferente, nada chama a atenção, nada empolga, só desempolga.

A solidão e o silêncio ganham dimensões imensuráveis e dominantes; desaparece a ansiedade, a espera de ver o céu iluminado, com os espetáculos de pirotecnia saudando o Novo Ano e a despedida do que está indo. É angustiante, é desolador.

A vida é assim mesmo, não revela, não antecipa seus acontecimentos. Tudo é muito rápido e inesperado. O hoje é hoje, o amanhã é mágico; é surpreendente, nada sabemos dele. Não podemos desperdiçá-la em momento algum quando estamos a desfrutá-la.

A solidão encurtou a minha última noite do ano; ela teve um fim curto, com suas horas escondidas na magia da noite de mais um ano que chegava ao fim. Abafou e bloqueou todas as minhas boas ideias, todos os meus bons pensamentos; o tempo foi embotado e devorado pelo silêncio que povoou a minha alma. Senti o corpo machucado, vagaroso e a alma triste, inquieta e ansiosa.

A tristeza da solidão relaxou o meu corpo e fez adormecer a minha alma. Dormi, sim, embalado e embriagado no silêncio da sinfonia da minha companheira e inseparável solidão noturna.

Despertei na manhã seguinte sem nada saber de como foi a passagem de ano, com a sensação de ter tido o meu primeiro, mais forte e inesquecível momento de toda a minha existência: o meu alheamento ao mundo.

Assim é a vida! Surpreendente e mágica; e nós os seus verdadeiros falsos equilibristas.

 

 

 

 

 

Berilo de Castro – Médico e Escritor,  [email protected]

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