AS APARÊNCIAS ENGANAM –

Na vida, quase sempre, somos levados pelas aparências. Não somente pela aparência física, como por uma voz bonita, traquejo social, educação e cultura. A voz, então, é um fator que engana muito.
O que mais distancia as pessoas, não é o dinheiro, mas a educação e o caráter.

Aí, vem o ditado popular: “Nem tudo que reluz é ouro.” Nem sempre um elogio é verdadeiro. Muitas vezes, por trás de um elogio açucarado, existe ironia e despeito.

Antigamente, quando não existia televisão nas cidades do interior, à noite, a distração era conversar nas calçadas, onde se reuniam amigas e amigos verdadeiros. Nesse tempo, em Nova-Cruz, não existia ladrão, salvo ladrão de galinha. Podia-se ficar nas calçadas até tarde da noite, tranquilamente, sem medo de malfeitor. E as amizades eram verdadeiras.

Era um tempo bem melhor do que o atual, pois a era cibernética era utopia, e tudo era verdadeiro. As amizades e conversas eram “olho no olho”, sem espaço para demagogia.

As conversas na calçada eram uma higiene mental maravilhosa, como se a calçada fosse um divã de relax. As conversas eram desabafos de problemas do dia a dia, comuns a quase todas as famílias.

A solidariedade humana era a marca maior da vizinhança. Todos formavam uma irmandade e o compadrio era comum. Padrinhos, madrinhas e afilhados completavam as famílias.

O calor humano e a certeza de amizades sinceras eram o marco maior de uma época distante. Ninguém precisava falar por telefone, que não existia, e, quando muito, em assuntos urgentes, a comunicação era por cartas e telegramas. Notícia de tragédia, era comunicada através do telégrafo da estação ferroviária.

Pois bem. “Pra não dizer que não falei de flores”, vou falar sobre uma linda borboleta, que adorava flores, e foi eleita “rainha” de um belo jardim.

A linda borboleta, todas as manhãs, pousava em cada flor do jardim, com toda sua graça. Todos a cercavam, queriam apalpá-la e contemplar de perto o fulgor de suas asas. Muito ancha por se sentir querida, a bela borboleta distribuía carinhos e deixava-se apalpar, de mão em mão. Não imaginava que nos dedos delicados que a apalpavam, ia deixando aos poucos o pó de ouro de suas lindas asas. Assim, de mão em mão, suas asas perderam aquele tom dourado maravilhoso, orgulho das belas borboletas.

Aos poucos, a borboleta perdeu o brilho e o viço, tornando-se uma borboleta comum e sem graça. Os admiradores sumiram e ninguém mais a cortejava.

É o reverso da medalha. A borboleta só percebeu tardiamente, o quanto era explorada pelos falsos admiradores. Sentiu arrependimento tardio, por ter se deixado explorar, mas agora era tarde para arrependimentos e a “Inês estava morta”, como diz o ditado popular. Não percebeu a tempo, que, quem a cortejava, somente queria o pó de ouro de suas asas.

A história da bela borboleta é a mesma de muitas pessoas vaidosas e ingênuas, que terminam sendo vítimas de suas próprias ilusões.
Sob a pele do cordeiro, sempre pode se esconder um lobo raivoso.

Está na Bíblia (Novo Testamento):

“Cuidado com os falsos profetas. Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores.” (Mateus 7:15-20)

 

 

 

Violante Pimentel – Escritora
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