JOSÉ NARCELIO

 José Narcelio Marques Sousa – 

Considero uma definição perfeita para felicidade, a que defende esse sentimento como um somatório de momentos agradáveis e inesquecíveis desfrutados pelo indivíduo. E como se encaixa bem tal conceituação. Caso duvide, então pare, pense e catalogue cada passagem marcante de sua vida, e logo sentirá uma sensação diferente e indefinível. Um misto de enlevo, saudade e bem-estar resultando num aperto gostoso no peito que não causa dor, mas traduz intensa satisfação. Não serão essas percepções, lembranças de momentos felizes? É claro que sim!

Certos momentos deixam marcas enormes no emocional de cada pessoa. Sensações diferenciadas sentidas, por exemplo, ao assumir aquele emprego almejado, entrar na universidade, descobrir-se amando alguém especial ou ver nascer o primogênito. São variados os estímulos motivadores desse frisson.

Tais momentos, que podem até escapulir da memória em razão da dimensão da emoção provocada, mas não se dissociam da condição de instantes felizes. E o que dizer do prazer quando sentimos explodir no peito as paixões?

Não sei como reagiriam os jovens de hoje, acostumados ao burburinho e a velocidade do cotidiano, desfrutando o romantismo de antigamente. Para muitos deles uma situação completamente desconhecida. Certamente, estranhariam um jantar a dois à luz de velas, dançar de rosto colado ao som de música lenta ou doar ramalhetes à mulher amada.

Talvez, por desconhecimento de tais sensações, não compreenderiam o evocar do estado de alma e das emoções próprias dos românticos. Não guardo a menor dúvida que, decerto, lhes satisfariam vivenciar tais momentos mágicos. Principalmente, em se tratando do suposto sexo frágil.

O culto exagerado do macho com a própria imagem sufocou o homem romântico de antigamente. Isto as mulheres já perceberam há anos. E lamentam o fato, pois constataram que o foco da atenção de boa parcela dos marmanjos voltou-se agora para indivíduos do mesmo sexo, numa inversão de valores e de desejos.

Se o romantismo para o homem moderno é frescura, para a mulher de hoje é uma experiência inusitada no rol das curiosidades passíveis de vivenciar. Experimentar momentos românticos figura, no íntimo de cada mulher, como sentimentos atrelados ao sonho do amor perfeito e meta prioritária dentre seus anseios de vida.

A gentileza, o cavalheirismo e o romantismo ditaram o procedimento masculino no século passado, sem que o homem abdicasse da condição de macho. Época em que os homens sabiam exercitar os tipos galanteador sem ser ridículo, pegador sem ser grosseiro e romântico sem ser piegas. Hoje, tais espécimes povoam apenas páginas de romances de época, capítulos de novelas mexicanas e películas água com açúcar de comédias românticas.

Na atualidade, causa perplexidade ver um homem abrir a porta do carro para a mulher entrar ou levantar-se da cadeira, quando na mesa de um restaurante, ela pedir licença para ir ao toalete. Estão de tal forma distorcidos os conceitos, que confundem gentileza com fragilidade, sensibilidade com homossexualidade e romantismo com coisa alguma, pois esse costume não passa de um ilustre desconhecido.

A moral deste desabafo é lembrar que todos nós carecemos de doses de felicidade para satisfazer o apetite da alma e de momentos de romantismo para fazer o coração bater mais forte dentro do peito. Tenho dito!

José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro civil – [email protected]

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