RINALDO BARROS

Educar e/ou ensinar?

Hoje me bateu uma tristeza infinita por tudo o que perdemos ao longo dos anos.

É quase certo que o caro leitor já teve a curiosidade de saber qual é o verdadeiro significado da palavra “Educar”. Essa é uma tarefa da família ou da escola?

Nestes tempos pós-modernos, para a maioria das pessoas adultas, “Educar” é uma obrigação exclusiva das escolas e de seus respectivos profissionais. Um grande erro, o qual abre muitas possibilidades a inúmeros problemas na relação ensino/aprendizagem.

Já participei de reuniões de “pais e mestres”, onde escutei disparates tipo “pago caro para esta escola educar meus filhos”; como se aos pais, às famílias, não coubesse a elevada responsabilidade de educar seus rebentos. A meu ver, este é o pecado original para todos os vícios emergentes atualmente, no patropi.

Por outro lado, perdemos o respeito pela nobre missão de educar, professores são maltratados e agredidos em sala de aula, assim como perdemos a capacidade de compreender que a causa verdadeira está na ausência de um Projeto civilizatório de Nação.

Cá no meu canto, correndo o risco de ser carimbado como “conservador”, ainda tenho a convicção de que Educar é função, obrigação, de todos, tanto dos pais quanto dos educadores.

O conceito de Educar vai muito além do ato de transmitir conhecimento, educar é estimular o raciocínio, é aprimorar o senso crítico, as faculdades intelectuais, físicas e, notadamente, exercitar a ética; as opiniões e atitudes fundadas nos valores universais: Liberdade, Responsabilidade, Verdade, Justiça, Honestidade, Solidariedade, Respeito, Disciplina, entre outros.

Cabe às famílias dar “régua e compasso”, dar exemplos, parâmetros, faróis, para que as novas gerações possam usar como ferramentas ao logo de suas vidas.

Ensinar não é educar. Ensinar também não é somente transmitir conhecimentos.

O educador não tem o vírus da sabedoria. Ele pode e deve orientar a aprendizagem, ajudar a formular conceitos, a despertar as potencialidades inatas dos indivíduos para que se forme um consenso em torno de verdades e eles próprios – crianças e jovens – encontrem as suas opções.

A etimologia revela que o substantivo aprendizagem deriva do latim “apprehendere”, que significa apanhar, apropriar, adquirir conhecimento. O verbo aprender deriva de preensão, do latim “prehensio-onis”, que designa o ato de segurar, agarrar e apanhar, prender, apossar-se de.

Ensinar é também palavra latina “insignire”, quer dizer “marcar, distinguir, assinalar”. É a mesma origem de “signo”, de “significado”.

O professor, como agente de comunicação, transformou-se num dos mais pobres recursos e, ao mesmo tempo, dos mais ricos.

Explico: quando se imagina dono da verdade, rei do currículo, imperador do pedaço, mendiga e se frustra. Quando se apresenta cheio de humildade, de compreensão e vontade de aprender, como eterno aprendiz, resplandece, brilha, e recebe o reconhecimento de todos.

“Mestre é aquele que, de repente, aprende”, ensinou Paulo Freire.

Sem querer oferecer “receita de bolo” para questão tão complexa, acredito que se deve abolir, de imediato, a cultura do supérfluo, selecionando conteúdos mais significantes e atualizados. E sejam presentes no mundo e no imaginário das novas gerações, e não na mente do professor. Apresentar todas as nuances das questões, todos os fatos e todas as ideias envolvidas, sem imposição, sem doutrinação. A escolha é privilégio do aluno, de quem está estudando, aprendendo.

O educador deve se preparar para estar apto perante a onipotência das novas tecnologias, das imensas possibilidades da internet; e não se assustar com a sua eficiência. Estar sempre atento aos transbordamentos da ciência e não se embrutecer na resposta. Quer outra?

Confunde-se frequentemente “cultura” com “entretenimento”. Os enlatados culturais intoxicam mentes e corações, se transformam em “pacotes culturais” e saem por aí, empacotando a sensibilidade, a criatividade, que tanto contaminam a educação. Um exemplo?

Entende-se barulho como música! Poesia como cafonice, família como utopia, Pátria como sucata.

Em verdade, educar é educar-se a cada dia, com a pretensão de preparar para a vida, e não apenas para a próxima prova. O poder de adivinhar o futuro o educador não o possui. No entanto, ele pode orientar para que, em situações imprevisíveis, se processem alternativas.

É preciso ensinar a pensar! Educar não é ensinar, é aprender.

Uma resposta

  1. Texto de Ivone Boechat Ensinar também não é somente transmitir conhecimentos.

    O educador não tem o vírus da sabedoria. Ele pode e deve orientar a aprendizagem, ajudar a formular conceitos, a despertar as potencialidades inatas dos indivíduos para que se forme um consenso em torno de verdades e eles próprios – crianças e jovens – encontrem as suas opções.

    A etimologia revela que o substantivo aprendizagem deriva do latim “apprehendere”, que significa apanhar, apropriar, adquirir conhecimento. O verbo aprender deriva de preensão, do latim “prehensio-onis”, que designa o ato de segurar, agarrar e apanhar, prender, apossar-se de.

    Ensinar é também palavra latina “insignire”, quer dizer “marcar, distinguir, assinalar”. É a mesma origem de “signo”, de “significado”.
    Ensinar não é educar. Ensinar também não é somente transmitir conhecimentos.

    O educador não tem o vírus da sabedoria. Ele pode e deve orientar a aprendizagem, ajudar a formular conceitos, a despertar as potencialidades inatas dos indivíduos para que se forme um consenso em torno de verdades e eles próprios – crianças e jovens – encontrem as suas opções.

    A etimologia revela que o substantivo aprendizagem deriva do latim “apprehendere”, que significa apanhar, apropriar, adquirir conhecimento. O verbo aprender deriva de preensão, do latim “prehensio-onis”, que designa o ato de segurar, agarrar e apanhar, prender, apossar-se de.

    Ensinar é também palavra latina “insignire”, quer dizer “marcar, distinguir, assinalar”. É a mesma origem de “signo”, de “significado”.

    O professor, como agente de comunicação, transformou-se num dos mais pobres recursos e, ao mesmo tempo, dos mais ricos.

    Explico: quando se imagina dono da verdade, rei do currículo, imperador do pedaço, mendiga e se frustra. Quando se apresenta cheio de humildade, de compreensão e vontade de aprender, como eterno aprendiz, resplandece, brilha, e recebe o reconhecimento de todos.
    ue se deve abolir, de imediato, a cultura do supérfluo, selecionando conteúdos mais significantes e atualizados. E sejam presentes no mundo e no imaginário das novas gerações, e não na mente do professor. Apresentar todas as nuances das questões, todos os fatos e todas as ideias envolvidas, sem imposição, sem doutrinação. A escolha é privilégio do aluno, de quem está estudando, aprendendo.

    O educador deve se preparar para estar apto perante a onipotência das novas tecnologias, das imensas possibilidades da internet; e não se assustar com a sua eficiência. Estar sempre atento aos transbordamentos da ciência e não se embrutecer na resposta. Quer outra?

    Confunde-se frequentemente “cultura” com “entretenimento”. Os enlatados culturais intoxicam mentes e corações, se transformam em “pacotes culturais” e saem por aí, empacotando a sensibilidade, a criatividade, que tanto contaminam a educação. Um exemplo?

    Entende-se barulho como música! Poesia como cafonice, família como utopia, Pátria como sucata.

    Em verdade, educar é educar-se a cada dia, com a pretensão de preparar para a vida, e não apenas para a próxima prova. O poder de adivinhar o futuro o educador não o possui. No entanto, ele pode orientar para que, em situações imprevisíveis, se processem alternativas.

    É preciso ensinar a pensar! Educar não é ensinar, é aprender.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *