JOSÉ NARCELIO

O FUZIL E A DROGA – 

Aparentemente, nada tem a ver uma coisa com a outra. A não ser o fato de o fuzil e a droga serem letais e, portá-los, proibido. Mas, o nada a ver fica apenas na retórica, porque muitas ligações existem entre ambos. Sim, tanto o fuzil quanto a droga matam, daí as restrições impostas à comercialização dos dois.

A droga mata devagar; o fuzil, rapidamente. A droga desgraça o indivíduo induzindo-o ao vício; o fuzil é uma arma de ataque própria para matar. O consumo da droga é proibido; a venda do fuzil é controlada. Manter o vício da droga é caro e degradante; adquirir fuzis é complicado e requer aprovações e justificativas.

Na maioria dos países, consumir ou portar um dos dois, ou ambos, é visto como contravenção. A coisa se complica quando se trata da comercialização ilegal de um ou do outro. Algumas nações são mais rigorosas do que outras na repressão ao consumo ou contrabando da droga. Talvez, até mais, quanto à posse ou venda de fuzis.

Porém, existe a possibilidade de o desmando social se estabelecer no instante em que vender droga servir para comprar fuzil ou, quando a renda com o contrabando de fuzil, alimentar o vício da droga.

Diferentes nações convivem com essa desgraça social. Outras trabalham, arduamente, para superar os efeitos da tragédia decorrente dessa conjunção letal. O exemplo mais emblemático de sucesso nesse embate ainda pertence à cidade de Nova York, nos EUA, na gestão do prefeito Rudolph Giuliani.

Na década de 80, andar pelas ruas de Nova York não era seguro como hoje. Uma realidade assemelhada ao centro de São Paulo, na atualidade. A instalação da política de tolerância zero, que impunha punições severas e instantâneas para qualquer tipo de infração, resolveu o problema. No Brasil, acabar com a cracolândia de São Paulo é um eterno desafio. Experiência essa, vivida na quase totalidade das capitais do país, em maior ou menor escala, sem qualquer sucesso aparente.

Entretanto, se é ruim encontrarmos armas em mãos erradas, pior se torna em mãos indevidas de viciados em drogas. Para o lamento da sociedade, é esta a realidade vivenciada em todos os recantos do nosso sofrido país. O drama de outras cidades brasileiras é também o conflito de minha querida Natal.

A cidade de Natal, outrora pacata, teima em permanecer em destaque no Mapa da Violência do país. E não cansa de acumular medalhas na Olimpíada da Morte: 4ª maior taxa de homicídios em capitais e 2ª capital com morte de mulheres (feminicídio).

Por maior desejo de proteger a imagem da cidade, não dá para esconder a verdade dos fatos. É aí que entra o fuzil aliado à droga. Estamos à mercê de marginais, certamente usuários de drogas, assaltando-nos ou exterminando-nos na rua, na praia, no shopping, no banco, no ônibus, no trabalho, na escola, no restaurante, no lazer e em casa. Acabou-se a garantia de segurança na vida do cidadão.

Segurança não é dever do estado? Sim, mas como cobrar segurança no nosso estado, se o próprio não consegue sequer manter trancafiados os seus apenados? Está difícil encontrar uma pessoa que não tenha sido assaltada ou conheça alguém próximo vítima de roubo. Sim, caros leitores, estamos sob o domínio do mal. Vivendo sob o infortúnio de um binômio letal. Sob a batuta do fuzil e da droga.

Até quando? Só Deus sabe a resposta!

José Narcélio Marques Sousa é engenheiro civil –  [email protected]

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

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