JOSÉ NARCELIO

MAL DITAS EXPRESSÕES – 

 Aprendi as primeiras letras no antigo grupo escolar Áurea Barros, que funcionou na Av. Afonso Pena esquina com a Rua Açu, no tempo em que o ensino público era de qualidade. No extinto ginásio São Luiz, no Atheneu e no Marista completei o estudo intermediário para enfrentar o vestibular de Engenharia, na UFRN. Eu, e uma parcela considerável das cabeças pensantes, atuantes e mandantes deste nosso Rio Grande do Norte.

Sem possuir QI invejável, me dediquei à leitura com unhas e dentes, assimilando o suficiente para me doerem os tímpanos ao ouvir determinados vícios de linguagem. Meu domínio do Português é mediano e devo cometer muitas falhas: umas por descuido; outras, por pura ignorância. Afinal, errar é… uma barbaridade!

De expressões mal ditas, eu procuro esquivar-me. Mantenho-me atento, por exemplo, para não utilizar o gerúndio indevidamente. Dessa forma evito falar “vamos estar convocando uma reunião…”, em vez de “convocaremos uma reunião; ou, o enfadonho “vou estar completando sua ligação…”, em vez de “vou completar sua ligação”.

Determinado dia, assistindo entrevista de um parlamentar na televisão, ouço-o garantir: “Eu tenho a obrigação de, enquanto deputado, seguir essa linha de conduta”. Por que não dizer “como deputado” ou “na condição de deputado”? Desviar o advérbio enquanto da conjunção subordinativa temporal (Eu lia enquanto caminhava ou ao mesmo tempo em que caminhava), é puro pedantismo.

E o que dizer da invencionice primorosa contida no a nível de? Alguém respondeu a uma pergunta que, num ambiente formal, não se recomenda utilizar a nível de ou em nível de, mas, na informalidade é permitido. A nível de ou em nível de não se coaduna em ambiente algum. O substantivo nível significa altura, categoria, âmbito. Constataremos o nível semântico dessa palavra em exemplos como: ao nível do mar, ao seu nível de caráter, no nível federal. Jamais deveríamos vulgarizar o termo para ficarmos bens na foto ou elegantes no discurso.

Os exemplos acima, no meu entendimento, não passam de sofisticações do nosso idioma. Existe absurdo maior que o perpetrado pela coroada mandatária do país ao se intitular presidenta da República? É lamentável ouvirmos pessoas instruídas, enquanto desfrutam das benesses do poder, repetirem à exaustão presidenta. A impressão que fica é de procederem assim para não melindrarem a Excelentíssima Senhora Presidenta da República.

Querem ver outras? Muitos dos que estão lendo este texto já ouviram falar: “no escritório, somos em cinco funcionários”, em vez de “somos cinco funcionários”. Ou, num noticiário de televisão: “Para maiores informações, ligue…”, quando o correto seria “Para mais informações,…”. Não suporto que firam o idioma dizendo “há cinco anos atrás”, quando resolveríamos com “cinco anos atrás ou há cinco anos”.

Não fica por aí, porque são variados os nossos vícios de linguagem. De tanto repetir determinadas expressões mal ditas, imaginamos que já estejam incorporadas ao idioma, quando na verdade, elas não passam de malditos vícios de expressão.

José Narcelio Marques SousaÉ engenheiro civil – [email protected]

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