CARLOS ALBERTO JOSUÁ COSTA

SUBIR AO PÓDIO –

Vocês já perceberam a falta de entusiasmo com que alguns atletas de certas modalidades esportivas – destaque para o futebol, desprezam a premiação de “segundo” lugar?

Ao receberem as medalhas, cabisbaixos, nem deixam colocá-las no pescoço – é como uma desonra ostentar, diante do adversário e do público torcedor, que lutou de igual para igual e, como não é possível dois campeões, o “vice” passa a ser um infortúnio.

Precisamos entender que o vencedor não surge por si só. É necessário um esforço reativo para que o resultado final seja o óbvio: um perde e outro ganha. Porém ambos se prepararam e se dedicaram para subir ao pódio. E o pódio é o lugar que exalta aqueles que lutaram e como tal são apresentados como vencedores das competições esportivas.

Lembro-me do tempo de estudante primário e ginasial, o quanto aprendi com o primeiríssimo lugar de todas as turmas – o grande amigo Luiz Gonzaga Pontes Pessoa. Competir eticamente me fez feliz, até hoje, por estar ao seu lado e, imagine só, ele me ensinando as tarefas e me incentivando ao estudo diário, na sua casa, lá no querido bairro do Alecrim. Tem desprendimento maior deste verdadeiro ganhador?

Na trajetória da vida, muitas vezes deixei de subir ao pódio, porém, em todas essas ocasiões aplaudi e vibrei com o sucesso daqueles que ali estavam.

Em outras, mesmo estando no pódio, sempre entendi que todos tinham os seus méritos, e que um degrau acima ou abaixo era apenas uma classificação, nunca uma derrota.

Guardo algumas medalhas do tempo que a juventude favorecia disputá-las. Hoje elas são lembranças de que algum esforço foi dispendido, que algum sorriso espelhou alegria e que alguma gratidão foi externada.

Pergunto-me, quantas e quantas vezes deixamos de conduzir ao pódio aqueles verdadeiramente vencedores: nossos pais, nossos professores, nossos amigos, nossos filhos, enfim.

Quantos deixamos de aplaudir por dedicarem suas vidas ao bem?

Em quantos pódios não deveriam subir os doentes, os idosos e crianças abandonadas pelas sarjetas e corredores hospitalares?

Quantas medalhas não merecem os humildes, os que se dedicam a cuidar de outros menos afortunados?

Quantos louros não seriam dignos aos voluntários em todo o mundo, que buscam dar sopros de vida aos refugiados?

Quantos aplausos não seriam necessários aos profissionais que se empenham em exercer suas atividades com ética, dedicação e respeito humano?

Portanto, estar no pódio é apenas uma contingência de momento. Estaremos sempre nos revezando entre os primeiros e os últimos, conforme nossas atitudes e ações que favoreçam as virtudes da misericórdia com o próximo.

Não desista da linha de chegada.

Tome como exemplo a suíça Gabriele Andersen, que nos Jogos Olímpicos de Verão em Los Angeles (1984), que, extenuada, quase desmaiando, no limite de suas forças e da consciência, conseguiu recusar ajuda e cruzar a linha de chegada, entrando para a história com uma das 44 mulheres que completaram a prova naquele dia de forte calor e sol intenso.

Depois de passar a linha de chegada eu me deixei cair ao chão, sabendo que eu havia completado”, disse ela em recente entrevista.

Portanto, caros atletas, não se reprimam, não se envergonhem, não façam ‘beicinho’, por não estarem no mais alto patamar do pódio.

Somos vencedores quando amamos!

Experimente aplaudir!

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