ANA LUIZA EE

COMO CÃES E GATOS – 

Todos temos arraigada a crença de que cães e gatos são inimigos naturais. Tendemos a “esconder” ou “proteger” um do outro para evitar situações que variam de engraçadas a aflitivas. Cães, assim como gatos, são animais que agem de forma instintiva e primitiva.  Ambos são caçadores, porém, todo mundo já viu, ao vivo, em jornais ou internet, cenas que mostram a “amizade” entre os dois. Mães que adotam crias de raças diferentes e que os tratam da mesma forma que tratam os seus próprios.

Por uma questão de sobrevivência, ambos são originalmente caçadores, e esta característica os transforma ora em caça, ora em caçador. Nós, humanos racionais, admitimos e nos “aprofundamos” nas reações dos animais, chegamos até a acreditar que eles “se odeiam”, o que não é verdade. A luta que existe entre ambos é a mesma que há entre o lobo e a raposa ou quaisquer seres vivos que precisam atacar e defender-se para sobreviver.

Nós, com nosso profundo desconhecimento e desinteresse sobre a dinâmica animal, acabamos por “estimular” o processo de rivalidade, porque é um sentimento humano comum, conhecido por todos. O antagonismo, a constante batalha entre “bem e mal”, é antigo, vindo desde Caim e Abel, passando por Tom e Jerry e incluindo as gêmeas Ruth e Raquel (da novela Mulheres de Areia).

Desvirtuamos nossos instintos primitivos em prol de uma sociedade pacífica e equilibrada e, ao fazer isso, mudamos nossa natureza em nome da comunhão humana. Porém, a maneira que nossos instintos mais brutais são postos “para fora” de forma prática é através dos esportes, em especial os que envolvem lutas corporais, pelas disputas diárias de irmão contra irmão, pela violência vazia. Assim como os animais, existem humanos de má índole, e, assim como na selva, na nossa vida também vigora a lei do mais forte, do que causa mais temor.

O grande ponto é que nós somos racionais, não “precisamos” viver como cães e gatos. Somos capazes de pensar, de crescer, de sobreviver sem infligir dor ou criar o caos ao redor. Somos imperfeitos, e a consciência disto nos faz melhores e maiores, nos torna aptos a ser o que quisermos, desde que queiramos.

Todo esse esforço em participar, ver e/ou ter acesso à violência é inútil, é vão, se observado diante da pequenez do ser humano. Se a união, o desejo de fazer parte de uma “selva” melhor fosse comum, se fôssemos canalizar todas essas energias funestas em prol da evolução, viveríamos como deveriam ser irmãos, com amor, em paz. Ainda falta um pouco para que possamos atingir esse patamar, mas não tenham dúvidas que, com o esforço pessoal, com a dedicação de cada um, em breve seguiremos vencedores.

Ana Luíza Rabelo Spencer, advogada ([email protected])

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