ANA LUIZA EE

ME ENGANA QUE EU GOSTO… –

O brasileiro tem fama de manso, de ter jogo de cintura e de fazer carnaval batucando em panela vazia. A miscigenação étnica que fez parte da colonização do país faz, hoje, parte do nosso sangue. Temos características físicas e culturais de vários povos, que, ainda, tomaram formas novas quando agregadas.

Estes modos peculiares já foram motivos de piada mundo afora, mas deveriam ser motivo de admiração.

Nossa cultura não venera a guerra, não exalta a tristeza, não faz apologia à dor. Nós festejamos a vida, vivemos o presente e seguimos ao pé da letra quando dizemos “presente”. O dia de hoje é uma dádiva e não perdemos preciosos momentos com sentimentos negativos.

Nossa paciência, cultivada a duras penas, em filas enormes e dias de salário atrasado, é posta à prova muitas vezes, principalmente em anos de campanha política, quando somos obrigados a ouvir as mesmas promessas, acusações e defesas que ouvimos na campanha anterior.

O bom humor, conquistado à guisa de brincadeiras (de mau gosto) fica por um fio quando percebemos, mais uma vez, que após a eleição nada do que foi prometido foi realizado.

O jogo de cintura, exercitado todo mês quando fazemos estica e puxa com salário, quando madrugamos no posto de saúde, tentando “tirar uma ficha” ou quando somos chamados à escola das crianças para ouvir reclamações, vai embora quando percebemos que fomos tolos, ingênuos e nos deixamos enganar. Não obstante a verdade estampada em nossa face, o fato é que, na verdade, não nos deixamos enganar, nos enganamos por vontade própria. Não acreditamos em nenhuma mentira, mentimos para nós mesmos.

A verdade, aquela que fechamos os olhos para não ver, é que os políticos são os mesmos, no mundo inteiro. A diferença está em quem vota neles. É diferente quem não vende o voto, quem não se cala diante de uma falcatrua, quem não negocia nem permite negociatas feitas sob sua gerência. É diferente quem não se importa em “perder o voto” se sua cidade, estado ou país vai ganhar.

Nós aprendemos muitas coisas, com muitos povos, mas deveríamos esquecer a ingenuidade. Lembremos-nos da alegria de desbravar, da fome de conhecimento e do desejo de liberdade, que tocou nossos ancestrais e, independente de sua origem, os fez querer o bem comum, um Brasil melhor.

Ana Luíza Rabelo SpencerAdvogada – ([email protected])

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