ANA LUIZA EE

ODE AO COVARDE – 

Coragem é um termo compreendido restritamente como bravura, força. Coragem é muito mais que isso. É muito mais abrangente. Coragem é conhecer o risco e mesmo assim enfrentá-lo. Não temerariamente, não irresponsavelmente, mas com arrojo, ousadia e, sobretudo, medo.

Não é corajoso quem nada tem a perder ou arriscar quando sai à luta, não é corajoso quem troca nada por coisa nenhuma. Para se ter coragem, é preciso arriscar alguma coisa; mesmo que na esfera moral, é preciso enfrentar a si mesmo, quando não se acredita capaz de fazê-lo.

Não é corajoso quem pula de um penhasco após receber uma sentença de morte, mas quem levanta a cabeça, sacode a poeira e vive, com intensidade, cada dia, sabendo que vai, com certeza, morrer desde a hora que nasceu.

Vivemos num mundo estranho, incerto e árduo, onde há pouca ou nenhuma boa vontade para com os outros, onde a nossa dor é sempre a maior. Aqui não há exaltação. Nem aos covardes, nem à coragem.

É uma lástima. Devemos festejar atos diários e contínuos de coragem, a cada homem ou mulher, corajosos, que sufocam o temor e combatem todo dia uma nova batalha. Dos trabalhadores que levantam ainda de madrugada para poder alimentar os seus, dos médicos que dão o seu melhor diante das piores situações e condições de trabalho, dos professores que vão além dos próprios limites para espalhar o conhecimento. Congratulemos, a partir de hoje, todos que superam limites físicos ou emocionais. Deste momento em diante, felicitemos a nós mesmos, a cada obstáculo vencido, aos próximos, por toda pequena vitória pessoal, e ao mundo pelo sucesso de cada esforço conjunto ou não, que resulte no cumprimento de mais uma etapa nesta longa e curta jornada denominada vida.

Ana Luíza Rabelo Spencer, advogada ([email protected])

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