ANA LUIZA

Ana Luiza Rabelo

O tempo como fenômeno físico é inclemente, é etéreo e eterno. É imutável e volúvel. Tão abstrato que suas definições não cabem em simples palavras. Mais que o tiquetaquear do relógio, mais que arrancar as folhinhas do calendário, precisamos vivê-lo para entendê-lo.

Algumas vezes costumamos julgá-lo, rotulá-lo de acordo com a nossa realidade, de acordo com as sensações do momento. Uma maneira relativa e parcial. Se o período no qual estamos inseridos é bom, o tempo passa rápido, não nos deixa aproveitar o quanto gostaríamos. Se a situação é desagradável, se estamos sozinhos ou aguardando alguém ou a hora para um evento, o tempo se arrasta, os ponteiros ficam presos, parados, pregados, e apenas a nossa vontade é incapaz de apressá-lo.

O tempo, apesar da nossa vontade, encontra-se além da relatividade das medidas e dos desejos do homem. O tempo é absoluto em si mesmo e inerte diante das vontades, das dores e dos prazeres.

O tempo é um mestre que não se deixa enganar ou esquecer e, para obter sucesso, precisamos prestar muita atenção em cada lição que ele nos dá. Os poetas, os compositores, os escritores e as pessoas que estão conectadas com o universo e consigo mesmas costumam nos deixar pistas de como devemos lidar com ele, como não sermos atropelados por sua inflexibilidade.

Aqueles que nunca quiseram deter ou acelerar os ponteiros do relógio são senhores de si, de suas ações e de suas vidas, mas a maioria das pessoas tem dificuldade em lidar com ele. Ao longo da vida é possível colecionar muitas instruções sobre como encarar o tempo.

“Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia. Tudo passa, tudo sempre passará”. Esta letra de Lulu Santos nos revela a importância de cada momento, a transitoriedade da vida, que nos faz cair e nos levanta com a mesma força. Cada coisa acontece a seu próprio ritmo, e tudo, seja bom ou seja ruim, vai passar. O sofrimento, a dor, a alegria e a felicidade, tudo passa, e devemos aproveitar e prestar muita atenção para não ter que “repetir a lição”.

“O tempo não para.” É mais uma forma de mostrar que não podemos ficar inertes e que nada será de valia para impedir as transformações da vida. Outra música, “Epitáfio”, fala-nos sobre aproveitar o tempo, sobre viver e as pequenas (e grandes) alegrias que poderemos ter ao aceitar o que não pode ser mudado.

Existe uma frase, atribuída a Chico Xavier, que diz que, mesmo que não possamos fazer um novo começo, poderemos começar de novo e fazer um novo final.

O mesmo tempo que nos mostra o quão difícil é nadar contra a correnteza, nos dá a chance de seguir, a mesma correnteza, e de chegar o mais longe possível, aproveitando possibilidades infinitas de crescer, de aprender e melhorar. O tempo é um fato imutável da vida e pede desculpas por nos arrastar consigo, trazendo o esquecimento e a fluidez dos acontecimentos Sobretudo, ele mesmo, sem explicar os porquês, nos mostra a necessidade de aproveitá-lo, de modo que, como é você que faz o seu tempo, ele pede que o faça bem.

Ana Luiza Rabelo, Escritora e advogada ([email protected])

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