AO AMIGO GERALDO PAULO DE MACAÍBA –

​​​Este mês de janeiro de 2021 da vida terrena perdemos Geraldo Paulo da Silva, ainda na titularidade de Presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Macaíba. Um presidente que segurou importante liderança da agricultura familiar, enfrentando todos os desafios da época da ditadura e no processo democrático em construção. Dedicou à vida a causa do mundo rural.

​​​O meu primeiro contato efetivo com Geraldo Paulo aconteceu na FETARN, na época ele exercia as atribuições de conselheiro fiscal e tive a oportunidade de viajar com ele para muitas audiências e acompanhamento processual, que eram físicos e precisava visitar os cartórios, verificando a tramitação processual. Na oportunidade, também, de forma satisfativa fazíamos os contatos com os dirigentes sindicais.

​​​Geraldo sentia satisfação em conhecer cada processo, principalmente, os fundiários, de direitos reais, na época denominados de direito das coisas, as ações possessórias. Ficava incomodado com tantas ações judiciais de indenização por danos. O total desrespeito as lavouras dos agricultores diretos, fato que aumentava nos períodos de pouco inverno, era um completo desrespeito ao Estatuto da Terra. Os contratos Agrários não eram respeitados.

​​​No Sindicato de Macaíba sabia receber bem. Na mesa do chá e café conversávamos bastante. A ordem do dia varava da conjuntura as perspectivas da agricultura familiar. O fortalecimento do movimento sindical na defesa dos agricultores. As questões de terra. As ações da Reforma Agrária. A previdência social. Os assalariados rurais. O crédito agrícola. As eleições sindicais e da FETARN.

​​​Depois com o processo democrático avançou as conversas para os temas de capacitação profissional dos agricultores e o sistema de assistência técnica. O Respeito pela EMATER. Os amigos que construiu no decorrer das jornadas sindicais, em especial ao falecido amigo José Ferreira de Lima, que começou a sua militância em São Gonçalo do Amarante e sua associação definitiva ao Sindicato de Macaíba.

​​​Um assunto que sempre colocava na ordem do dia das nossas conversas era em relação à Justiça. Confiava plenamente, sempre dizia que era para colaborar, pois asseguraria cidadania e Justiça social. Gostava de ter advogados no sindicato. Era o seu pensamento. Nos encontros finais queria conhecer mais sobre políticas e programas públicos, principalmente em relação aos Municípios como o Sindicato poderia colaborar.

​​​Na atuação sindical local tratou sempre com muita austeridade as finanças. Aumentando o patrimônio e sempre formando uma poupança. Comprou casas ao lado do Sindicato. E fazia a manutenção com esmero. Era uma postura firme. Acompanhava incondicionalmente a CONTAG. No meio sindical do Estado tinha referências.

No final das jornadas, principalmente, quando não existia a “Lei Seca”, éramos convidados a peregrinar pelos restaurantes e bares de Macaíba. Quando me falava de cada comunidade rural e seus problemas peculiares. Tinha uma verve boemia forte. Sempre com muita lucidez. Gostava de estar com os amigos. Encontramo-nos algumas vezes na sua casa no Assentamento José Coelho.

Fiel à esposa e amava profundamente o filho Jeferson, sem nenhum demérito aos outros filhos. Geraldo Paulo no descanso e na paz da eternidade, fique certo que deixou muitos amigos e cumpriu a sua missão. O seu exemplo constitui um legado para os dirigentes sindicais de Macaíba que enfrentarão novos desafios e uma referência estadual, estampando que paciência, a capacidade de dialogar e a firmeza de posições será a sua marca histórica.

 

 

 

 

Evandro de Oliveira Borges – Advogado

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