ABRIR A PORTA DO RELACIONAMENTO –

Tenho observado as tantas portas que se abrem e se fecham e, até as que ficam entreabertas, nos relacionamentos compartilhados na caminhada da vida.

Sei que o fim é diferente para cada um que passa pelas portas enfileiradas, conforme a evolução espiritual que vamos atingindo ao compreender que somos idênticos na porção divina e, tão diferentes na porção humana que carregamos como “imagem e semelhança à Deus”.

O “ser sociável” do homem, não garante por si que todo relacionamento seja “pacífico” quanto à manutenção da razoabilidade do entendimento. Por mais aparente que possa parecer, o relacionamento traz sua dose de complexidade, pois pessoas são diferentes, agem, pensam e comportam-se de forma diferente.

Por essa diferença, que se sobressai em cada meio social, seguem-se regras de comportamento que orientam a interação de seus membros. O binômio – influenciar e ser influenciado, atrelado a cada um, traz consigo sua personalidade, crenças e culturas “conflitantes”, em sua estrutura, com a de quem convive.

Escolho o núcleo familiar, para tecer sobre as relações afetivas, por ser a célula básica da sociedade, aonde, desde criança, vamos amadurecendo emocionalmente e criando a nossa identidade ‘pessoal’.

Apesar de ser um espaço tido como “uniforme”, mesmo assim, é típico em confrontação de gerações. Pode parecer compreensível e natural, pois o contexto – sociedade experimenta uma voraz evolução que frequentemente antagoniza interesses dentro e fora da família. Isso gera expectativas, ansiedades, diferentes olhares, que nem sempre torna fácil o entendimento entre os membros da família.

É de se esperar que, com o passar dos anos, as divergências sejam entendidas no âmbito familiar, como intrínsecas à personalidade de cada membro e, como tal, respeitadas.

Compete aos membros da família facilitar esse relacionamento com flexibilidade e espírito colaborativo, buscando a melhor forma para consolidar a amizade entre os elos familiares constituídos. Entre esses elos, ressaltamos os formados por pais e filhos, entre irmãos, entre primos, entre novos acolhidos.

Claro que alguns conflitos podem surgir, mas podem ser mediados com diálogo e respeito mútuo. A livre expressão de sentimentos e a busca ativa em saber identificar no outro suas virtudes e limitações tornam o convívio mais saudável.

Sim, somos diferentes um do outro, e como tal, devemos saber conviver com as diferenças, levando em consideração que elas (as diferenças) não afrontem os nossos valores morais ou que gerem desrespeito ao querer que nos modifiquemos em “sinônimo” ao seu modelo.

Meu pai sempre me lembrava: “em entrar e a sair com dignidade de todos os lugares”, e aqui incluo os relacionamentos.

Na vida, como já ressaltei, vamos abrindo inúmeras portas pelo caminho que escolhemos seguir. As dobradiças das portas dos relacionamentos são lubrificadas pelo amor ao próximo, assim, devem ser suaves no abrir e cuidadosas no fechar.

Esse zelo tem que ser vigilante, pois se batermos a porta sem se importar com seu impacto, podemos trazer reflexos na saúde física e mental dos membros da família, pois cada um lida com emoções próprias. O prazer do relacionamento afetivo saudável não deve ser substituído por atitudes inadequadas, que certamente tornam a família infeliz.

O entendimento sempre será o melhor caminho. Todo entendimento vem de Deus que é fonte de toda sabedoria e todo conhecimento.

Quando refletimos sobre a necessidade de manter a unidade (não confundir com uniformidade) do relacionamento familiar, devemos abstermos do egoísmo exagerado, da mágoa demasiada, da soberba exaltada e do orgulho desenfreado.

A porta que foi fechada está ali, esperando que com a grandeza do coração, soprado pelo amor que o Pai nos ensinou, tenhamos a humildade dos que amam a Deus e, com determinação giremos a maçaneta da porta recompondo os laços do relacionamento.

Pode ter a certeza, que do outro lado está alguém ansioso para restabelecer os laços que foram arranhados, possivelmente, por simples desentendimentos.

Não esqueçamos que, de alguma forma, ora nos sentimos magoados, como também outros podem ter motivos para de nós sentirem o mesmo.

Por isso a porta do relacionamento abre sempre nos dois sentidos, permitindo que “eu” e “você” tenhamos a mesma grandeza de perdoar.

Entendo que de cada lado da porta temos maneiras diversas de ver o “desgaste” e, por isso a nossa porção humana parece tornar dura a mão que segura a tranca da porta e hesitamos em deixar a nossa porção divina agir.

Não adiemos a prática do perdão e do amor. Amanhã, depois, mais tarde, pode não servir mais para a evolução espiritual que o Pai nos credenciou.

Portanto, apressemos em restabelecer e manter nossos relacionamentos.

Sim, sei que não é tão simples assim, mas cada um é capaz de fazê-lo.

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil e Membro da Academia Macaibense de Letras ([email protected])

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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