A RESPOSTA DAS CRIANÇAS – 

Outro dia Jesualdo foi com a família para sua casa de praia. Os netos todos presentes, realizaram a festa. Banho de piscina, bate bola no estádio da cidade, contação de histórias, passeios de bicicleta pela floresta e beco do xixí. Ele participava ativamente de todas as aventuras.

Em determinado momento lhes falou: – pois é meus amores, vovô adora brincar com vocês, daqui a dez anos, estarão crescidos e não vão mais querer ficar comigo. A primogênita respondeu: – não se preocupe vovozinho, nessa época você estará bem velhinho e não vai ter mais forças para andar.

Continuando a falar, relatou histórias diversas que envolveram seus rebentos, através dos tempos, enquanto os mesmos ainda pequenos:

Um dia, o caçula lhe perguntou: – painho, a minha turma do colégio vai ter um encontro com Cristo. Você sabe onde fica Bebedouro? Me leva? No dia e hora exata, estavam no local.  Final da tarde, ao encontra-la, ela falou: – gostei, mas nem vi o bebedouro e o Cristo não estava lá.

Dias depois, outro filho de Jesualdo acompanhou os pais a missa, durante a qual, fez questão de depositar dinheiro no saco que circulava entre os fiéis, recolhendo ofertas. Na hora da comunhão, ele também entrou na fila. Questionado para onde ia, respondeu: – eu paguei e portanto também quero comer o biscoito entregue pelo padre.

Jesualdo, acrescentou que estava recebendo visitas em sua residência, quando seu primogênito, à época com três anos de idade, já com as calças arriadas, entrou na sala onde estavam, virou-se, inclinou-se para a frente, abriu as nádegas com as mãos e perguntou: – Mamãe, tá limpo? Eu só quero ter certeza.

Em um passeio de barco, gratuito para menores de quatro anos, Jesualdo falou para a filha dizer que tinha três. Achando-a linda, o cobrador perguntou quantos anos tinha. Ela falou: – Neste barco, três, mas normalmente eu tenho quatro.

Certa vez, quando Generosa, esposa de Jesualdo estava doente, um dos filhos perguntou se ela queria remédio. A mãe respondeu: – você é o meu remedinho. Este mais do que depressa, pediu para a genitora fechar os olhos e abrir a boca, logo cuspindo dentro, na expectativa de curá-la rapidamente.

Não satisfeito, com as aventuras de seus herdeiros, Jesualdo contou que logo após o falecimento da sua mãe, também bisavó dos descendentes de Germínia sua sobrinha, um deles herdou o telefone. Outra filhota ao saber do presente ganho pelo irmão, perguntou: – mamãe, quando é que a minha outra bisa morre, para eu ganhar o celular dela?

Certa vez o menino de Jesualdo, então com dois anos, ao sair do banheiro, foi questionado pelo pai: – Meu filho, você deu descarga e lavou as mãos? – Descarga, sim. As mãos eu não lavei, pois ainda preciso ir mais uma vez hoje, falou a criança.

Após tantas conversas escutadas, lembrei da canção de Gonzaguinha: “Eu fico com a pureza da resposta das crianças”. Quem tem filhos e netos, sabe muito bem que tal sentimento, carrega enorme dose de honestidade, levando os pais a situações engraçadas e as vezes constrangedoras.

 

 

 

 

 

 

 

 

Alberto Rostand Lanverly – Presidente da Academia Alagoana de Letras

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