A NOITE DE NATAL –

O Natal é a maior festa da cristandade. Há uma Luz nessa festa, e não são luzes artificiais.

A Noite de Natal é sagrada. Noite de encanto, mistério e ternura, para crianças e adultos, principalmente aqueles que tem boas condições financeiras. Para os pobres, é mais uma noite, onde as diferenças sociais são gritantes e eles sabem que a solidariedade, típica da época natalina, é passageira.

É também uma noite de saudade dos nossos entes queridos, que já não se encontram entre nós.

O meu Pai, Francisco Bezerra Souto, se encantou na véspera de Natal (24.12.1984). A partir de então, apesar dos anos decorridos, essa data, para mim, permanece marcada e a minha alegria é triste. Por isso, a celebração natalina me traz melancolia. Tento disfarçar a minha dor, mas a saudade e as lembranças são mais fortes.

Entretanto, na noite de Natal, o brilho das estrelas é mais intenso. Entre elas, há o brilho dos olhos dos entes queridos que nos deixaram e que, lá do Céu onde se encontram, estão a nos iluminar.

A representação mais verdadeira dessa noite é o Presépio, que revive o cenário em que Jesus nasceu. O primeiro presépio que existiu foi montado por São Francisco de Assis, no século XIII. Ele quis mostrar ao povo como aconteceu o nascimento do Menino Jesus. Depois, o presépio tornou-se uma tradição e passou a ser montado nas casas, nas igrejas e em diversos locais, durante o ciclo natalino.

No presépio, figuram a Sagrada Família, composta por Jesus, Maria e José; os três Reis Magos (Belchior, Gaspar e Baltasar), o Anjo que anunciou a Maria que ela iria ser a Mãe de Jesus, e a Estrela-guia, que iluminou o caminho para que os Reis Magos encontrassem a manjedoura.

No sentido religioso, os anjos usados na decoração do Natal remetem a São Gabriel, o anjo que teria anunciado à Maria que ela seria a mãe de Jesus.

Os três Reis Magos foram à procura do Menino Jesus, para adorá-lo e levar-lhe de presente, incenso, ouro e mirra.

Jesus nasceu em Belém, a menor cidade da Judéia, na simplicidade, humildade e pobreza.

A festa do Natal tem como figura principal o Menino Jesus, que nasceu numa manjedoura, dentro de uma gruta despojada e pobre.

Naquele momento, a gruta abrigou toda a riqueza do Céu e da terra. O Menino estava envolto em panos e deitado na manjedoura, sob o aconchego de Maria e José, seus pais, porque não havia lugar para eles na casa dos homens.

José era um homem justo e santo, carpinteiro, que acolheu o mistério da encarnação do Filho de Deus no ventre de sua esposa. Maria, a jovem mãe judia, deu à luz o Filho gerado em seu ventre, pela ação do Espírito Santo.

Nas lautas ceias de Natal, em casas de pessoas ricas e poderosas, muitas vezes, a figura do Menino Jesus é esquecida. Nessas ocasiões, o espírito cristão, simplesmente, não existe. Comemora-se o Natal como se fosse uma festa profana, e a preocupação são a comida, a bebida, os presentes trocados e a decoração.

O Menino Jesus, Maria e José não são lembrados.

Para os Cristãos, os presentes de Natal remetem à lembrança dos presentes que os Reis Magos levaram para o Menino Jesus: O ouro, o incenso e a mirra.

Os anjos e estrelas, usados nas decorações natalinas, remetem ao Anjo Gabriel, que anunciou à Virgem Maria, que ela daria à luz o Filho de Deus, e à Estrela-guia, que iluminou o caminho de Belchior, Gaspar e Baltasar até à manjedoura.

Pois bem. Numa noite de Natal, dois mendigos caminhavam pela escuridão. De repente, tropeçaram num cachorro vira-lata, que parecia estar faminto e abandonado. Sentiram dó do animal e viram que ele era tão pobre quanto eles. Os pobres são bons para os pobres e ajudam-se uns aos outros, dividindo entre si o pouco que conseguem para comer.

Os dois mendigos, solidários ao vira-lata, levaram-no com eles, e lhe deram para comer um pouco do pão que haviam recebido de esmola. O cachorro, depois de comer, ficou mais forte e saiu caminhando à frente deles, latindo e olhando para trás, como se os estivesse guiando, através da escuridão, até uma cabana abandonada. Na cabana, havia dois bancos e uma lareira apagada, visíveis através do clarão da lua. Os dois mendigos sentaram- se em frente à lareira.

De repente, o cachorro desapareceu. Como por milagre, as duas brasas se acenderam e tornaram-se enormes. A claridade tomou conta da cabana, e os dois sentiram seus corpos aquecidos. Ficaram certos de que tinham sido agraciados com um milagre, pois, somente o Menino Jesus teria sido capaz de se lembrar deles, naquela hora de tanto frio e sofrimento. Acreditavam, piamente, que o Menino Jesus os estava protegendo daquele frio, enviando duas brasas para acender a velha lareira. Adormeceram profundamente. As brasas brilharam até o amanhecer do dia.

Os dois mendigos acordaram, como se estivessem despertando de um lindo sonho. Tinham recebido, de presente de Natal, um verdadeiro tesouro. Mesmo por uma única noite, dormiram sob o teto de uma cabana abandonada, aquecidos por uma misteriosa lareira. Olharam em sua volta e viram o cachorro dormindo. Pobre igual a eles, o vira-lata lhes retribuiu o pão que eles lhe haviam dado, levando-os até aquela cabana encantada.

Pelo menos, naquela noite de Natal, eles dormiram sob um teto, abrigados contra o frio e o vento.

Está provado que o grande tesouro dos pobres é a fantasia.

Nesta Noite de Natal, elevemos uma prece a Deus:

“Senhor, dai pão a quem tem fome e fome de justiça a quem tem pão!”
A escuridão dos nossos dias é a fome, a impunidade e a corrupção.

Que a Noite de Natal ilumine os corações do povo brasileiro!

 

 

 

 

 

 

 

 

Violante Pimentel – Escritora

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