A MULHER E OS DESAFIOS DE HOJE –

Deus ao criar a mulher tomou a leveza da folha, a graça da corça, a alegria do sol, as lágrimas do orvalho, a inconstância do vento, a timidez da lebre, a dureza do diamante, a crueldade do tigre, a doçura do mel, o calor do fogo, o frio do gelo e o perfume das rosas” (CHIANG LING, filósofo chinês)

INTRODUÇÃO

O poder nunca é outorgado pelo poderoso, mas sim e sempre conquistado pelos dominados. Isso vale para as mulheres e seu lugar ao sol, pelo qual um preço alto tem sido pago desde tempos remotos.

No Brasil, após a primeira grande conquista o direito ao voto, em 1932, as mulheres não pararam de ganhar espaços:

  1. São fator determinante no mundo das compras.
  2. São maioria nas escolas e no mercado de trabalho.
  3. Começam a chegar às chefias.
  4. A evolução do número de mulheres nos cargos executivos dos 350 maiores grupos empresariais brasileiros é visível.
  5. Do total de empresas nessas condições, em 1990, apenas 8% ofereciam oportunidades para mulheres.
  6. Em 2000 já eram 13%
  7. A presença das mulheres nas instâncias de governo deixa claro que este processo é irreversível: vereadoras, deputadas, prefeitas, governadoras, presidentes e, na presença sempre crescente nas forças armadas.

O QUE É UMA MULHER?

A mulher é um ser belo, sublime, paradoxal e misterioso, consoante o ensino da sabedoria oriental, acima destacada. Mas, para a nossa cultura de estrutura patriarcal, ainda é um ser desconhecido em sua estrutura psicossomática, a ponto do grande pai da psicanálise, Sigmund Freud, afirmar: “Nunca fui capaz de responder à grande pergunta: “Afinal, o que uma mulher quer?”

Foi feita uma pesquisa entre homens e mulheres sobre o que é uma mulher e encontraram-se respostas como: “É a fêmea do homem”, ou “É a fêmea da espécie humana”. A conclusão da pesquisa revelou que ninguém respondeu satisfatoriamente o que é e o que quer uma mulher. Não houve uma resposta igual à outra. Todas, quase sem exceção e independente do gênero, mostraram-se hesitantes e inseguras na resposta.

No que tange a respostas dadas por homens, algumas merecem destaque: “É o sexo oposto”, “É a substituta da mãe” e uma resposta que é uma verdadeira pérola: “Mulher é a melhor coisa que já inventaram na face da terra”. Da resposta dada por mulheres, destacam-se: “É uma pessoa”, ou “É o ser humano do sexo feminino”. Impressionante é que das respostas masculinas não houve grande (ou nenhuma) preocupação em destacar o termo “ser humano”, ou seja, explicitar o reconhecimento de que, antes de tudo, a mulher é uma pessoa.

Essas respostas masculinas deixam embutido o que sempre passa pela cabeça do homem em relação à mulher: sua sexualidade e seu papel na reprodução. O que se deixa explícito nisso é o papel acessório dela em relação ao homem e a impressão de que ela existe para servi-lo. Seja como fonte de prazer, seja como mãe de seus filhos. Ou seja, a mulher é o outro ou o objeto, mas não o sujeito.

Mas, certamente alguns homens argumentariam que as coisas hoje não são assim e que essa postura é ultrapassada e machista. Pois bem, as coisas ainda hoje são assim na visão da maioria dos homens. Mudanças aconteceram, mas ainda não se alcançou, somente uma minoria, a visão da mulher como um sujeito pleno.

E por que é assim? Por que tentam os homens manter as mulheres como mero complemento? Por que não tem respondido plenamente à pergunta: “O que é uma mulher???”

A escritora francesa Simone de Beauvoir diz que a mulher, mais do que qualquer outra fêmea, é presa da espécie. É a mulher, entre as fêmeas de mamíferos, a que mais se subordina à espécie. Em nenhuma outra espécie de mamíferos, a escravidão do organismo à função reprodutiva é mais imperiosa e simultaneamente rejeitada: crises da puberdade e do climatério, menstruação mensal e frequentemente sofrida, gravidez prolongada e desconfortável, quando não francamente difícil, parto doloroso, não poucas vezes perigoso.

II – O QUE QUER UMA MULHER?

A essa pergunta, dificilmente, os homens e as próprias mulheres responderão, até que elas possam, de fato, serem elas mesmas. Até que possam ser livres das peias, das restrições e proibições que lhe foram impostas por milhares de anos de cultura patriarcal. Até que possam ser sujeitos soberanos e não objetos. Até que possam agir como de fato anseiam e não condicionadas pelo que lhes foi imposto.

Fala-se, há tempos, em emancipação da mulher, mas é forçoso asseverar que a prática está longe do discurso. E aqui não se pode confundir prática de uma reduzidíssima minoria situada no nicho da elite intelectual ou econômica das modernas sociedades ocidentais, como a realidade ainda vivenciada pela esmagadora maioria das mulheres do mundo.

 

 

 

 

 

Josoniel Fonsêca – Advogado e Professor Universitário, membro da Academia de Letras Jurídicas do Rio Grande do Norte-ALEJURN, [email protected]

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