A FLECHA DO ÍNDIO –

Recentemente assistia ao noticiário nacional, quando presenciei um índio, utilizando o arco que trazia nas mãos, disparar flecha contra policial armado com moderno fuzil taurus, imaginei que ocorrera uma pane em meu aparelho de televisão, infelizmente logo constatei que aquele fato acontecera em Brasília.

Terminados os informes, deitei-me na varanda e enquanto admirava o céu, todo estrelado, oferecendo uma baita visão à noite, enquanto a imagem do desigual embate entre o selvagem e o militar não deixava minhas retinas.

Nos idos de 1500, época da chegada dos desbravadores a nosso país, o convívio dos nativos com portugueses foi relativamente harmonioso. Os tempos passaram.

A flecha lançada pelo indígena, contudo, é emblemática, deixando claro que o povo brasileiro está, cada vez mais, entregue à própria sorte. Quando se imagina haver visto de tudo, aparece um doleiro depositando milhões nas contas dos que gerenciam a nação, enquanto autoridades se consideram intocáveis, negligenciando tomadas de decisões que venham, definitivamente, retirar o Brasil da época do faroeste, onde caciques e pajés eram figuras de destaque na luta contra a cavalaria.

Tudo isto fortalece uma casta de inconsequentes, bloqueando estradas, queimando ônibus, estuprando e transformando em prisioneiros a grande maioria de racionais que só quer viver sem medo, tendo respeitado seu direito de ir e vir.

Uma coisa é certa. Os olhos sintomáticos de pessoas más que ditam as regras, me arranham e incomodam. Após muito pensar, a figura do índio me deixou, virou-se e foi embora, dissolvida na escuridão. Só assim, tive forças e energia positiva para me inteirar das outras novidades promovidas pelo traquinos, que aí estão, envidando esforços para enfraquecer os pontos positivos de nossa história.

 

 

 

Alberto Rostand Lanverly – Presidente da Academia Alagoana de Letras

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