A ETERNA DANÇA DA VIDA –
Apesar de cada vez mais trazer meus pais próximo a mim, em pensamento e no coração, frequentemente compareço ao Parque das Flores para reverenciá-los naquele espaço onde passado e presente se encontram, lagrimas de saudade se misturam com sorrisos de lembranças.
O dia ainda despertava em tons suaves, eu já estava a visitar o marco físico onde repousam histórias, memorias e legados dos meus amores, o silêncio era profundo, quase sagrado, a luz tímida da manhã filtrava-se entre as folhas da árvore que emprestava sua sombra ao local. Sentei-me sob seus galhos, como quem busca abrigo para a alma, deixando-me envolver pela serenidade do momento de ausência.
Enquanto mergulhava em pensamentos de memórias, algo delicado capturou meu olhar. Primeiro, foi o bailar de um beija-flor. Suas asas vibravam tão rápido mas seu movimento borrado era preciso, quase coreografado, enquanto visitava pequenas flores ao redor. Ele parecia uma gota viva de energia, fragmento de cor no cenário calmo e sóbrio.
Logo depois, surgiu uma libélula (zig-zig), com asas translúcidas e reluzentes sob os primeiros raios do sol. Seu voo era diferente, mais errático, como se desenhasse caminhos invisíveis no ar. Havia nela espécie de mistério, graça que parecia brincar com o tempo, sem pressa de chegar a lugar algum
E, então, para completar o cenário, surgiu a borboleta, flutuando suavemente ao meu redor. Suas asas, pintadas como obra de arte, abriam-se e fechavam-se em dinâmica tal que mais pareciam suspiro da própria natureza. Ela pousou por um breve instante em uma flor próxima, antes de retomar seu voo sereno, embalando-se no ritmo leve da brisa.
Naquele instante, algo dentro de mim se aquietou. O beija-flor, a libélula e a borboleta, cada qual com sua dança única, pareciam trazer uma mensagem sutil: a vida continua a florescer, mesmo em meio à saudade. Sob a sombra daquela árvore, em um lugar marcado pela partida, encontrei sinais de renascimento, de movimento e beleza. Eram pequenos mensageiros da natureza, lembrando-me que, mesmo onde há silêncio e despedida, brota também leveza, esperança e a eterna dança da vida.
Alberto Rostand Lanverly – Filho de Rostand e Marlene Lanverly