A ESPERA CANSA –

 O assunto é puxado em uma roda de amigos, com a companhia de um bom café. Conversa de aposentados ou quase. Os assuntos são os mais diversos; com destaque para  a situação problemática da saúde pública e privada, pela qual  passa o nosso Estado no momento.

Na mesa, comenta-se sobre o final da virose mortal chinesa – a Covid-19; de suas sequelas deixadas, com atenção maior e preocupante para as mentais, com sérios quadros de depressões espalhadas por essa Potilândia.

Levanta-se e discute-se sobre a chegada ou a permanência abafada, mascarada ou negligenciada pela covid-19 – da dengue, da zica e da chikungunya, com índices assombrosos, alarmantes e mortais, por puro descaso da área da saúde pública, visto que são doenças bem conhecidas e os  cuidados preventivos são fáceis de serem aplicados; como também o conhecimento do seu momento maior de aparecimento, que é na estação do inverno.

Surge nova observação, que chega através de outro ocupante da resenha, preocupado em ver, pela primeira vez na cidade, o fechamento dos seus serviços de urgências e emergências, os prontos-socorros na rede privada de saúde, super lotados e de portas fechadas. É, sim, preocupante, alarmante e inquietador!

Frente a tudo isso, um dos envolvidos na conversa revela  e levanta um assunto, que, segundo ele, lhe tem deixado preocupado e em sinal de alerta: o atendimento médico ambulatorial à pessoa de idade avançada e enraizado na área da saúde. Existem queixas e evidências de que, apesar da consulta pré-agendada e se tratar de cliente idoso (ver Estatuto do Idoso, Lei número 10.741/2003), nada tem adiantado, nada tem funcionado, como deveria. O cliente idoso, com hora marcada, bem confirmada, fica tempos a “fio” tomando  “chá” de cadeira, vendo pessoas mais jovens serem chamadas e nem aí para o consultor. O resenheiro continua: não se  trata de privilégio, nada de “tapete vermelho”, nem muito menos de querer furar fila; o correto seria o cumprimento do horário pré-agendado e a atenção e o respeito com o consultado idoso.

Será que vamos ter paciência para tanto? A idade já não ajuda, o hormônio da paciência já não existe mais! Ou, então, vamos deixar tudo e voltar para casa sem ser atendido e bastante decepcionado. Conclui o participante.

O assunto eriça  e esquenta todos os integrantes da roda; é solicitada uma pausa. Uma nova rodada de café é pedida, um pouco mais forte; o tema é suspenso e entra para a pauta da próxima semana.

Um tranquilo resenheiro, amante da boa música, aproveita o silêncio e solfeja baixinho: “E a vida, ela é maravilha ou é sofrimento? Ela é alegria ou lamento? O que é? O que é, meu irmão”? E  emenda: “É tão triste, Veneza”, e tenta relaxar.

 

 

 

 

 

 

Berilo de Castro – Médico e Escritor,  [email protected]

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