VIRAMUNDO 50 –
José Ferreira da Silva, o Zé Neguinho de Bom Jesus, cidaďezinha do sertão potiguar gostava muito de samba e todo fim de semana cantava nos boteco da cidade com muita alegria animação.
A participação do povo era grande e isso o animava ao ponto dele querer fazer um conjunto musical.
– E o nome Zé, da bandinha ?
– Bandinha coisa nenhuma. Vou fazer uma senhora banda, você vai ver.
– Mas já tem nome?
-Tem. Vai ser Banda do Zé Neguinho.
– Vige, pode não. Tem que ser Banda dos Afro descendentes.
– Porra nenhuma. Os meninos são todos daqui mesmo. Não sabem nem onde fica África, ora.
– Tá certo, vai criar problema
– Tem nada não. Eu resolvo.
Juntou 6 músicos e comprou os instrumentos musicais na rua 25 de março em São Paulo, no cartão, em 10 vezes.
No começo tocava só nos fins de semana e nas cidades vizinhas depois passou a sê apresentar em Natal. Um sucesso. Tinha até música própria.
– O pessoal tá reclamando que esse nome vai dar problema.
– Coisa nenhuma. Tão aí Preta Gil, Neguinho da Beija Flor e Banda do Ze Pretinho e não aconteceu nada.
– Porque eles são grandes e nos, não.
– Pois vamos ver…
A Banda do Zé Neguinho cresceu muito e teve temporada até no Canecão na terra do Samba, Rio de Janeiro.
Zé se engraçou com uma sambista do Morro de São Carlos e teve um casal de filhos: Maria Clara e Francisco de Assis.
Clarinha foi estudar dança co Ana Botafogo, no Rio e se tornou passista de escola de Samba, morando com a mãe, no
Rio depois da separação dos pais e Chiquinho ficou com o pai como agente da banda.
Conseguiu muitos shows pelo Nordeste até ser descoberto por Negão baterista de Jorge Aragão que levou a banda pro Rio.
Dois integrantes não quiseram ir e preferiram ficar em Natal cantando na noite.
Do Rio a Banda do Zé Neguinho conseguia contratos milionários pra se exibir até no exterior. Gravou um cd que estourou no Brasil e ganhou vários discos de ouro.
Chiquinho da banda foi contratado pela Chantecler, gravadora de grande expressão como diretor comercial e casou com Salete, filha do dono da gravadora, seu Samuel, judeu milionário e austero.
Se deram bem e foram morar em São Paulo, capital financeira do país.
Chiquinho e Salete não tiveram filhos e adotaram Sara, uma menina linda, esperta que adorava música clássica.
A Banda do Zé Neguinho tinha uma estrela: Clarinha, cantora e dançarina que imitava Clara Nunes e era um grande sucesso.
– Zé, vai voltar a viver com Nargarida; agora que Clarinha tá com você?
– Estamos namorando. Acho que vai dar certo.
E deu. Ficaram morando no Rio, no Recreio dos Bandeirantes.
Encontrei com eles em São Paulo almoçando no Mexilhão com Chiquinho, Salete e Sara e perguntei:
– Zé, quem inspirou você nesse trabalho?
– Jorge Ben Jor.
Jaécio Carlos – Produtor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre, para Youtube.