VIRAMUNDO 26 – 

Francisco José,  conhecido como Zezinho das Flores, morava numa cidadezinha do interior da Paraíba, Patos.  Plantava e cultivava flores pra vender numa loja simples, bonita, no centro da cidade e quando chegava o mês de novembro montava uma barraca pertinho do cemitério, nos dias próximos a finados. Era muito comunicativo e educado, tratando com simplicidade as mulheres, a maioria suas clientes.

Era solteirão e lá ninguém via ele com uma namorada e chegavam até a desconfiar de sua masculinidade, mas ninguém falava nada.

Um dia chegou um “caba” de João Pessoa e o convidou a abrir uma floricultura lá. Depois de algum tempo, ele topou e vendeu a lojinha de Patos para um primo que de vez em quando, o ajudava. Zezinho era insubstituível, mas deu certo.

– Rodrigo, você acha que vai dar certo em João Pessoa?

– Claro, eu já tenho até o ponto. Pertinho da Lagoa.

As flores vinham de Patos, da sua plantação e chegavam fresquinhas, acondicionadas, igual a floricultura de japonês.

Rodrigo arranjou também um apartamento perto da loja e ele ficou feliz com a nova vida.

Conheceu a irmã da mulher de Rodrigo por quem começou a sentir afetos, ligeiramente desconfiado. Aliás, ele só conhecia mesmo de flores e já estava com 41 anos, virgem. É difícil acreditar, mas era verdade.

Zezinho e Suassuna logo foram morar juntos e os dois se desvirginaram ao mesmo tempo. Ela com 35 anos. Engravidou rapidinho e quando nasceu o filho botou o nome de Francisco José Filho e colocou o nome da loja de FJF FLORES. Um arraso.

Suassuna passou a ser a moça do caixa, sócia e tomava conta direitinho do dinheiro e aos poucos foi aprendendo a comprar.

– Sua, era assim que seu Rodrigo tratava a irmã, tô com vontade de abrir uma filial em Campina Grande. O que você acha?

– Vamos pensar. Campina Grande é maior do que João Pessoa e mais fria. Não sei se Zezinho vai gostar da ideia.

Zezinho gostou da ideia e propôs ir pra lá e Suassuna ficar em João Pessoa. No inicio até deu certo mas depois vieram as complicações.

A “moça do caixa” de Campina Grande era lindíssima. Uma morena baiana com gosto de dendê e Zezinho ficou incomodado, mas, na dele. Já não ia constantemente  passar os fins de semana em companhia de Suassuna e Zezinho Filho. Isso deixou a mulher com a pulga atrás da orelha. Foi a Campina Grande, sem avisar e quando entrou na loja viu, pela primeira vez, a “morena baiana com gosto de dendê” e não disfarçou a surpresa.

– Quem é essa mulher, Zezinho?

– Nossa funcionária.

– Pois eu não gostei dela. Mande embora.

– Mas Sua, ela é excelente, chega cedo, é educada com os clientes, dá conta do recado, enfim, vou dizer o que pra ela?

– Não sei. Ou você manda ela embora ou eu venho pra cá.

– E quem fica em João Pessoa?

– Manda ela pra lá, então.

– Não. É melhor eu fechar a loja aqui.

Zezinho resolveu voltar pra João Pessoa e deixar a “baiana com gosto de dendê” gerenciando a loja e vinha uma vez por mês pra ver o movimento. Mas Suassuna vinha junto. Eles notaram que a ”gerente” estava com aparência de grávida. Zezinho não ligou muito, mas Suassuna perguntou: – Tais gravida?

– Sim, é meu primeiro filho.

– E você é casada?

– Não, moro com meus pais.

Fez-se silêncio e Sua conversou com Zezinho sobre ela, grávida e morando com os pais.

– Zé, é nosso filho.

Zezinho empalideceu.

– Mas como isso foi acontecer?

– Você não lembra? Depois daquele jantar fomos “descansar” no Motel e eu não me preocupei.

Tempos depois nasce Francisco José Filho Segundo. A casa caiu pois o menino era a cara do “irmão” só que moreninho, aí
Suassuna  não contou conversa, pediu separação.

– Mas Sua, por que isso? Você acha que eu tenho alguma coisa com essa mulher?

– Quero que faça DNA. A gente só continua a viver juntos se for negativo.

Deu positivo.

– Zezinho quem é seu grande ídolo?

– Renan Calheiros.

 

 

 

Jaécio Carlos –  Produtor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre, para Youtube.

As opiniões emitidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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