UMA VISÃO DA NOVA REPÚBLICA –

Na condição de brasileiro usando dos direitos e prerrogativas concedidas pelo regime democrático ao cidadão livre, faço aqui uma análise política do meu país isenta de comprometimentos com partidos, ideologias ou credos.

Parto do ano de 1964 quando eu, jovem universitário, assisti o Brasil escapar das garras do comunismo para um regime autoritário de 21 anos de duração. Na época presenciei professores sendo tirados de salas de aula, colegas procurando refúgio para escapar da prisão e manifestações públicas dissolvidas à base de cassetetes.

Ouvi falar de maus tratos e torturas a encarcerados. Alheio ao mundo político não dei a atenção devida. Primeiro, por desconhecer a face da verdade tolhida pela censura, depois, por focar apenas na dureza dos estudos e na perspectiva do futuro.

Em 1985, lamentei a morte de Tancredo Neves eleito pelo voto indireto no nascimento da Nova República e vi a perplexidade de José Sarney ao aparar no colo um mandato caído do céu. Assisti o seu governo sucumbir ante o descontrole da inflação e de medidas antipáticas como o congelamento de preços.

Aplaudi Collor de Mello, em 1990, como o primeiro presidente escolhido por eleições diretas após o regime militar. Assumia o poder o mais jovem mandatário da nação. Conheci a sua empáfia aliada à coragem de sequestrar a poupança do brasileiro sob a sombra indesejada de PC Farias e da corrupção o que lhe propiciou a condição de ser, também, o primeiro presidente a sofrer impeachment no Brasil.

Observei, em 1992, Itamar Franco, vice de Collor, em dois anos estabilizar a economia e domar a inflação no país ao criar o Plano Real com Fernando Henrique à frente do Ministério da Fazenda. Saiu do governo limpo como entrou para ser considerado o melhor presidente pós-ditadura – deixar-se fotografar ao lado da modelo Lilian Ramos sem calcinha, na Marquês de Sapucaí, foi o seu único deslize.

Contemplei Fernando Henrique Cardoso assumir a presidência em 1994 e, reeleito, permanecer no cargo até 1998. Foi um governo de altos e baixos marcado pela implantação do neoliberalismo no Brasil. FHC emplacou diversas reformas e privatizou estatais importantes, consolidou o Plano Real e controlou a inflação – assumiu em 22,41% e entregou a 12,53%.

Século XXI em curso vi, em 2003, Luiz Inácio ocupar a presidência após três tentativas frustradas. Lula cogitava se tornar o Lech Walesa dos trópicos, não vingou porque o sindicalista polonês procurou abolir o comunismo do país, enquanto o brasileiro sonhava em implantar o comunismo aqui – o Foro de São Paulo que o diga.

A falta de zelo com a coisa pública e a corrupção deslavada demonstraram a total falta de comprometimento moral com o povo, nunca antes na história deste país vista ou sequer imaginada. O Pai dos pobres ou O cara – segundo Barak Obama -, foi o maior desastre em toda a memória republicana do Brasil.

Indignado assisti Dilma Rousseff suceder a Lula, em 2011, e se reeleger em 2016, para governar sob a mesma bandeira do antecessor. Ou seja, mais seis anos de o país orquestrado pela batuta do único ex-presidente a ser preso por crime comum.

A presidenta Dilma saltou de uma aprovação recorde para o impeachment. 70% do povo aplaudiu o ato, porém, gratificada mesmo ficou a Língua Portuguesa por se ver livre das agressões impostas ao vernáculo.

O mandato tampão de Michel Temer durou 2 anos e 4 meses. Mala cheia de dinheiro arrastada pelas ruas de São Paulo, caixas com milhões de reais escondidas num apartamento em Salvador e conversa sombria com poderoso empresário, em Brasília, detonaram o seu governo.

Vejo-me agora, em 2020, com Jair Bolsonaro há um ano e meio no poder. A impulsividade do presidente é fato comprovado. Nela reside o calcanhar de Aquiles ideal para desestabilizar a presidência. Entretanto, não existe interesse em divulgar que a corrupção do passado desapareceu e mamatas com o erário acabaram.

Neste momento, um conflito político se sobrepondo às crises econômica e sanitária reverterá num elevado ônus para o brasileiro, que anseia pela convivência democrática e harmônica entre os poderes constituídos. Daí confiar no bom-senso de quem sintonizar a bússola da coerência no rumo certo das tratativas políticas e, na fleuma do autor da tarefa de apaziguar as tendências arredias da nação.

Ainda existe tempo para exercitar a resiliência e reequilibrar a governabilidade. Depende somente do querer do timoneiro, lembrando que, na voz da verdade, querer é poder e humildade e Ivermectina não causam mal a ninguém.

 

 

José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro e Escritor

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