Em 15 de agosto de 2017, o Alecrim FC completará 102 anos de existência e resistência.

Clube que tem nas suas raízes e nas suas cores o forte verde da esperança.

Clube simples, humilde e bastante aguerrido nos seus embates. Literalmente um clube de bairro popular e populoso.

Durante todo esse longo tempo, soube honrar de maneira digna e valorosa seus compromissos com o futebol potiguar.

Teve nas décadas de 1960 e 1980, seus momentos de glória: bicampeão 1963/1964; campeão invicto em 1968 e novamente bicampeão em 1985 e 1986, já na era Machadão.

Em sua trajetória vitoriosa, participou de várias competições interestaduais, sempre com muito brilho e galhardia. Revelou e contou sempre com excelentes jogadores, todos genuinamente potiguares.

Consagrou excelentes treinadores como: Pedrinho Quarenta, o maior deles, campeão em 1964 e campeão invicto em 1968; Ferdinando Teixeira, o jovem campeão, o herói do bicampeonato de 1985 e 1986. Títulos que figuram e enriquecem o nosso futebol na galeria dos campeões regionais do Brasil, no Museu do Futebol, no Estádio do Pacaembú /SP.

Um time que sempre contou com uma arrojada diretoria e, uma pequena, pacífica, fiel e a mais barulhenta de todas as torcidas do futebol do Estado.

Chegou a formar um bom patrimônio imobiliário, quando deixou a sua singela sede; um primeiro andar na Avenida 2 – a Presidente Bandeira. Momento que  foi agraciado pelo seu grande e importante torcedor, o então governador Walfredo Gurgel e o seu vice, o alecrinense de quatro costados, Clóvis Motta, com um excelente e bem localizado terreno na Avenida Alexandrino de Alencar, onde construiu a sua sede.

 O tempo passou, as pessoas  mudaram, o futebol também mudou: inflacionou e caiu muito o nível técnico.

Alguns anos depois, uma oferta irrecusável de compra da área da sede, feita pela Marinha do Brasil, foi realizada. Com a boa nota recebida, fez aquisição de uma grande área de terreno no município de Macaiba, onde foi construída sua sede campestre.

O investimento feito não rendeu o que se esperava. Os custos altos com a manutenção da imensa área e as ricas folhas de pagamentos das  equipes sufocaram e esvaziaram o cofre já cansado e vazio.

O bom momento de antes, com o domínio de um bom futebol e uma tranquilidade financeira perene, passou para pesadelos cruéis e desesperadores.

 A sua diretoria não conseguia formar mais uma boa e competitiva equipe, os problemas foram se acumulando; a sede campestre foi gradativamente engolida pelas ações trabalhistas, envolvendo  jogadores e funcionários, além de alguns lotes vendidos  a preço de banana.

Para completar a sua escura e desvirtuada caminhada, surgiram estranhos  aventureiros, verdadeiras aves de rapina para complicar ainda mais o seu momento de angústia e de decadência.

Agora, o esperado aconteceu, abril de 2017, às vésperas de completar seus 102 anos de existência e resistência, o Alecrim FC, pela primeira vez na sua rica e gloriosa história centenária  é rebaixado para a segunda divisão do Campeonato Potiguar. Lugar que jamais imaginou chegar.  Quem sabe (espero que não) seja o primeiro passo para o seu licenciamento  e, consequentemente,  seu afastamento definitivo do nosso futebol.

Uma grande tristeza, uma dor profunda, algo inimaginável, um choro coletivo de toda família alecrinense.

Uma triste caída!

Berilo de CastroMédico e escritor

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

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