TEMOS MESMO UM FELIZ NATAL? – 

Será mesmo possível ter felicidade real neste momento de festas natalinas e alegrias fabricadas pela mídia? Com tantos sem emprego, sem renda certa, sem afeto, sem dinheiro pra pagar o aluguel, sem perspectiva de nada. Sem esparadrapo nos hospitais públicos, sem remédio do SUS e o olhar de tristeza dos filhos pequenos sem os presentes de fim de ano, vendo com inveja os amiguinhos do vizinho com seus presentes. Carrinhos de plástico, bolas coloridas, bonecas, bicicletas recebidos do pai que ainda tem um trabalho certo.

No Natal infelizmente comemora-se muito mais o velhinho de barba branca e roupa vermelha do que o nascimento do menino Jesus. O Ho!Ho!Ho! estridente, o tilintar dos jingle bells e o som eterno da harpa de Louis Bordon são um murro na cara de muita gente, que permanece frustrada, inerte e sem saída. E a TV que exibe os mesmos shows de fim-de-ano com falsas felicidades e reúne funcionários alegres, de mãos dadas, cantando músicas de sentimentos fictícios. Isso sem falar nas confraternizações com troca de presentes de ”amigo secreto”. Muitas vezes colegas que não se falam o ano inteiro, mas se submetem ao altruísmo afetivo do Natal.

Dezembro é um mês controverso. Onde pessoas lotam supermercados e shoppings em busca de migalhas para a “ceia de natal” ficar mais amena. Mantend0-se assim, à todo custo, a tradição da família reunida. Dá sorte, garantem elas. Mas a tristeza também ronda as periferias das cidades, inchadas de desempregados e meninos perdidos a espera de um Papai Noel ingrato que só leva presentes para os filhos dos outros pais que trabalham. Eles não entendem que a festa universal de benesses é somente para os aquinhoados com a sorte e oportunidades. Pobreza é pobreza, o resto é pura ilusão.

Por que não reverenciar com simplicidade o nascimento do menino Jesus, o grande e tantas vezes esquecido homenageado do dia?  A data certa pra presentear seria 6 de janeiro, quando os Reis Magos levaram presentes para Maria e José, seguindo a estrela linda brilhando no céu limpo, orientando os visitantes ilustres. Mas a mídia antecipou o hábito de presentear pessoas para o mês de dezembro, onde crenças, religiões e afetos se misturam. Mesmo assim, não deixa de ser uma data bonita. Por isso, apesar dessas duras reflexões, quero desejar a todos os leitores um Feliz Natal!

Jaécio CarlosProdutor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre para o Youtube

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