Atravessamos a onda do radicalmente correto. É o politicamente correto, o moralmente correto, a correta vida ao ar livre e, agora, a postura alimentar correta.

Quanto ao correto posicionamento alimentar, são tantas e tão contraditórias as opiniões acerca do que podemos ou não devemos consumir, que chegamos ao ponto de recear comer até uma fruta qualquer colhida do pé.

A demanda por alimentos livres de certos ingredientes, aliada à corrente que prega hábitos mais saudáveis, fez crescer o mercado de produtos sem glúten e sem lactose.

Imagino o drama de quem desenvolve intolerância à lactose – o açúcar natural existente no leite. Faço do produto oriundo dos úberes das vacas – e seus derivados -, a base de minha rotina alimentar. Consumo, com e por prazer, o queijo, o iogurte, o creme de leite, a nata e o leite. Costume esse induzido por minha mãe, alegando existir no leite fontes inesgotáveis de cálcio e de vitaminas  B e D.

Dispomos de quatro opções de consumo de leite: in natura, no saquinho, em pó e na caixinha (UHT – temperatura ultra alta). O leite consumido após a ordenha é saboroso e saudável, porém, é impraticável manter uma vaca no quintal da casa ou na varanda do apartamento para usufruir desse prazer no momento desejado.

O leite no saquinho, o popular leite pasteurizado, recebe um tratamento térmico suave que garante a destruição de bactérias patogênicas. Nesse tratamento térmico, as proteínas e açucares do leite são mantidas e os lactobacilos benéficos permanecem vivos, porém, as vitaminas do complexo B sofrem pequenas perdas. A desvantagem do leite no saquinho é o reduzido tempo de validade.

Já o leite em pó se caracteriza pela quase total ausência de umidade. Uma das versatilidades do produto é a durabilidade prolongada – até 18 meses se armazenado adequadamente. O diferencial negativo consiste em não manter a sensação de frescor nem o sabor do leite líquido após ser reidratado.

Alguns aditivos são utilizados também no leite em pó. O principal deles é o emulsificante lecitina de soja, utilizado para deixar o produto com “cara de leite” após a adição de água.

Finalmente, o leite na caixinha. Esse produto sofreu campanha desabonadora após divulgação de que utilizavam água oxigenada e soda cáustica para evitar a decomposição prematura.

Segundo explicação da Associação da Indústria do Leite Longa Vida  -ABLV, ao passar pelo processo de ultrapasteurização e ser envazado em embalagens assépticas, o Leite Longa Vida fica protegido de qualquer contaminação e não necessita de nenhum conservante.

A associação, porém, admite a utilização de estabilizantes como o citrato de sódio, o monofosfato de sódio, o difosfato de sódio e o trifosfato de sódio, citados na embalagem do produto. Segundo a ABLV “o estabilizante não é conservante e não faz mal à saúde” (Ambiente Brasil – Verdades sobre o leite de caixinha – 03/12/2007).

Eu gostaria de consumir um leite cujo sabor se aproximasse daquele oferecido pelas vacarias da minha infância. Qual leite devo tomar?

José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro civil e escritor – [email protected]

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

Uma resposta

  1. Dr Narcelio,
    Na impossibilidade de manter uma vaquinha em casa, fico com o leite pasteurizado. Fujo do longa vida e, leite em pó, só quando não houver o leite natural líquido. Sem essa de estabilizantes que não fazem mal à saúde.

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