POR QUE O BRASIL É POBRE? –

Na realidade, o Brasil é uma das maiores economias do mundo. Encontra-se no contexto dos maiores exportadores. Muito rico em minérios, grãos (notadamente de soja), um dos maiores territórios do planeta, uma flora e fauna riquíssimas (especialmente em plantas medicinais), água abundante (mas mal canalizada), Parque Industrial Paulista paradigma da América do Sul, uma imensa população, uma única língua oficial (o que aproxima as pessoas e facilita a comunicação), praticamente uma só religião (predomínio do Cristianismo Católico e Evangélico), uma população pacífica (ausência de terrorismo e de movimentos revolucionários violentos), auto-suficiência em combustível (petróleo e álcool), telefonia em elevada expansão, eletrificação em quase todo seu imenso território, pesca abundante (conquanto com tecnologia mínima), um dos maiores rebanhos bovinos do planeta, ampla rede hoteleira, grande produtor de aço e cimento.

Ante tudo isso, é um dos países com um dos maiores índices de pobreza do mundo, onde a miséria, a desigualdade social, a má distribuição de renda campeiam. Falta quase tudo: comida na mesa dos pobres, casas populares, educação de qualidade, saúde, segurança real e não em estatísticas virtuais, saneamento básico, estradas rodoviárias, transportes ferroviários e fluviais, aeroportos confiáveis, trânsito urbano planificado, emprego e renda para todos, água e luz com qualidade e preços compatíveis, tributos justos, corrupção e violência contidas.

Por que tanto contraste e incoerência? Por que tanta riqueza e ostentação ao lado de tanta pobreza e humilhação? Por que os princípios da isonomia, da igualdade e da dignidade da pessoa humana carimbados na Constituição Federal não passam de mitos e fraude à boa fé de um povo agachado e submisso? Por que os servidores públicos (inseridos no Judiciário, Ministério Público, Advocacia Pública, Previdência, Hospitais, Instituições Educacionais, de Segurança e Saúde, aduaneiras ou tributarias), tratam com tanta arrogância, superioridade e indiferença aos pobres súditos que pagam os seus salários com tributos aviltantes?

Será por que o Brasil é um país novo? Absolutamente não, pois os Estados Unidos, Canadá e outros de sua faixa etária são ricos, democráticos e comandam parte da economia e política mundial.

Será por que somos descendentes de uma mistura de criminosos portugueses com as raças negra e indígena? Jamais, porque os Americanos que hoje mais influência, prestígio e poder ostentam são afros descendentes como a Secretária de Estado (Ministra das Relações Exteriores dos Estados Unidos da América) Condolesa Rice, General Colin Powell (Conselheiro Permanente dos Governantes Americanos) e o quase Presidente Barack Hussein Obama. A raça e a origem social, portanto, nada significam para o sucesso individual de uma pessoa ou de uma nação, quando existem oportunidades para todos.

Serão as crises (guerras, revoluções, abalos políticos, etc) as responsáveis pela pobreza de um Estado Soberano? Também negativo. Senão a Alemanha, arrasada por duas Guerras Mundiais, não teria a pujança e importância social, política e econômica que ostenta, sendo, inclusive, membro do G-7, o grupo de países mais ricos do mundo, ao lado dos Estados Unidos, França, Inglaterra, Canadá (seus vencedores na 2ª Grande Guerra). O Brasil, ao contrário, vive em paz permanente, não enfrenta guerra externa ou interna.

Será por que tem uma grande população para alimentar? Peremptoriamente, não. A China tem a maior população mundial, mas também o maior desenvolvimento econômico.

Território não é o problema, já que o Brasil tem terras férteis e produtivas com extensão continental. O Japão, a exemplo da Alemanha e Itália, assolados pela Guerra, tem um território de 80% inapropriado para agricultura e criação de gado, porém é o maior Centro Industrial do Planeta (com as maiores exportações de produtos manufaturados e importações de matérias primas), que o torna a Segunda Economia Mundial, graças aos cérebros e ao esforço de seus filhos.
O problema brasileiro, como de resto dos inúmeros paises pobres das América Latina, Caribe e África, é cultural, de falta de educação adequada. Nisto ratifico Leonel Brizola, Darcy Ribeiro e Cristovan Buarque, ambos ferrenhos defensores do aprimoramento educativo-cultural pátrio.

A final, educação não é só conhecimento e saber, mas mudança de atitude e de mentalidade, como a absorção de integridade moral, responsabilidade profissional-familiar-patriótica, ambição digna e positiva, planejamento pessoal e econômico, respeito à riqueza e direitos dos outros, trabalho e estudos permanentes, respeito às leis e princípios éticos, o cultivo de idéias e objetivos espirituais ou políticos superiores aos seus próprios e particulares interesses.

Enfim, assim como o bicudo disseminou o algodão brasileiro, o colonialismo roubou o Pau Brasil, as nossas riquezas, verbas públicas para a educação, saúde, segurança somem no ralo nefasto da bandidagem engravatada e dos poderosos criminosos organizados.

Não dar para calar-se ou resignar-se à institucionalização da injustiça, da banalização do sofrimento dos pobres, do êxodo rural forçado e da favelização das grandes cidades, tendo como conseqüência a criminalidade irrefreada, a ignorância e o analfabetismo com multidões de doentes perambulando em hospitais sem médicos ou medicamentos.

 

 

 

José Adalberto Targino Araújo – Advogado e professor, Presidente da Academia de Letras Jurídicas/RN  e catedrático da Academia Brasileira de Ciências Morais e Políticas.

 

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