AS ESCOLHAS POLÍTICAS TAMBÉM SUSTENTAM UMA PANDEMIA –

Depois do Prof. Paul Romer, cujas análises já comentei aqui, outro Nobel em Economia trouxe recentemente uma importante reflexão sobre a pandemia. Desta vez, foi o Prof. Jeffrey Sachs, que entre outras observações, revelou que 46% dos óbitos causados pelo coronavírus no mundo estão concentrados nos EUA, Brasil e México. Os três não representam 9% da população mundial, mas tiveram em comum dois aspectos claros relacionados com o enfrentamento desse problema sanitário: o negacionismo anti-científico e a vulmerabilidade das desigualdades sociais. O “corona” ganhou seu “style of being american”.

No entanto, essa evidência de Sachs adquiriu no Brasil mais densidade quando os Professores de Economia da FGV/SP, Nicolas Ajenman, Daniel da Mata e Tiago Cavalcanti (este filho do nosso Economista Emérito pernambucano, Clovis Cavalcanti), em pesquisa complementar, mostraram o quanto a qualidade da liderança política se apresenta como uma variável de significativo impacto numa estratégia de ação contra a pandemia.

Bem, a tragédia dos números brasileiros confirmam os dois estudos. Certamente que a doença em si não costuma fazer suas escolhas com relação a quem contagiar. Mas muitas das vítimas decorrentes do negacionismo, que se omitiu em conduzir um plano de gestão apolítico e multidisciplinar para lutar contra essa “guerra viral”, são os velhos protagonistas das desigualdades. Têm classe de renda, raça, instrução e região geográfica.

Minimizar esse impacto não estava em apostar em tratamentos questionáveis pelas Ciências da Saúde. Estava em reconhecer no que as Ciências Sociais (Economia, Ciência Política e vinculadas) sempre sinalizaram para tempos de guerra: coesão política e planejamento estratégico.

 

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Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador. Ex-Presidente da Fundação Joaquim Nabuco

 

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