1- Os Clubes Militar (Exército), Marinha e Aeronáutica soltaram notas em solidariedade ao governo Bolsonaro. A caserna está unida. Não há sinal de racha vertical ou horizontal.

Bolsonaro, hoje pela manhã, deu o ultimato: não serão mais admitidos pelo governo “golpes brancos” por parte do STF.

Ou o STF recua ou o governo fechará temporariamente a instituição. Não seria, propriamente, um golpe militar, mas um golpe sob o disfarce jurídico. Com cobertura, obviamente, castrense.

2- O ex-deputado Roberto Jefferson acusou o Ministro Alexandre de Moraes de “advogado do PCC” e disse que não o respeita: “Vou enfrentá-lo de igual para igual. Um homem que era advogado do Primeiro Comando da Capital (PCC) em São Paulo, que reúne criminosos do entorpecente que mandam matar policiais de dentro da cadeia, não tem qualidade moral, intelectual, superior a mim. Eu não o respeito como ministro do STF porque ele envergonha a corte”.

E acrescentou: “A ação é intimidatória, é uma censura que o Alexandre de Moraes quis fazer. Quis mostrar que, rasgando um pedaço da toga dele, ele poderia me calar, me botar uma mordaça, mas ele está enganado. Comigo, o buraco é mais embaixo”.

Nunca vi um Ministro do STF ser escorraçado dessa maneira publicamente. Jefferson é presidente nacional do PTB.

O ministro Moraes tomará alguma atitude ou fará cara de paisagem?

Cresce, perigosamente, a anomia institucional no Brasil.

3- No momento em que o Ministro Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, mostra-se disposto a colocar em pauta o pedido da cassação da chapa Bolsonaro/Mourão, o Ministro Moraes determina a investigação das fake news.

A “tabelinha” funcionou até o momento em que Aras melou o jogo. É plausível que Moraes queira coletar subsídios para adensar à denúncia pelo afastamento da dupla Bolsonaro/Mourão no TSE. O objetivo político é claro.

O timing foi perfeito. Esqueceram de combinar com os “russos” (Aras).

4- O jurista Modesto Carvalhosa tem a melhor proposta para evitar que o STF seja fechado. Propõe que uma PEC destitua todos os juízes da Corte e que, em seus lugares, sejam nomeados os juízes mais antigos de tribunais de instâncias inferiores. Até que se encontre uma decisão definitiva, diria.

Cegos, alguns juízes querem enfrentar o presidente Bolsonaro, só que adotando medidas ilegais. Com isto, só fortalecem o Presidente perante o seu eleitorado e ante as Forças Armadas.

Cegos, não enxergam que o peso do fuzil é mais pesado do que de uma toga deslegitimada pela população.

5- Finalmente uma atitude concreta foi tomada contra o ministro Alexandre de Moraes.

Ontem (27/5/20), os deputados Carlos Jordy, Bia Kicis, Filipe Barros e o Cabo Junior Amaral protocoloram, na Câmara de Deputados, um pedido de impeachment do ministro.

O documento é endereçado ao presidente do Senado. E aí reside o problema. Alcolumbre já senta em cima de vários outros pedidos e nada indica que mudará de posição. A menos que haja uma profunda pressão social.

E ainda há quem diga que as instituições funcionam a contento.

6- Somente o pico emocional pode explicar duas grandes tolices que li hoje. Pela ordem cronológica:

1) O jornalista Ricardo Kotscho, ligado ao PT, chamou a PF de Gestapo de Bolsonaro, por conta de sua ação contra o governador do Rio de Janeiro. Cuidado, meu caro. A Gestapo foi considerada uma organização criminosa pelo Tribunal de Nuremberg. E o ministro Celso de Mello já declarou que o PT é uma organização criminosa.

2) O Ministro da Educação, Abraham Weintraub, comparou a ação ordenada pelo ministro Alexandre Moraes à Polícia Federal contra bolsonaristas como a feita pela Alemanha nazista contra os judeus! A desproporção é clara. Fica mal para um Ministro da Educação ter tão poucos conhecimentos sobre o que foi o nazismo.

 

 

 

Jorge Zaverucha – Doutor em ciência política pela Universidade de Chicago (EUA), é professor titular do departamento de ciência política da Universidade Federal de Pernambuco. Autor do livro “FHC, Forças Armadas e Polícia – Entre o Autoritarismo e a Democracia” (2005, ed. Record)

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