O ex-deputado Pedro Corrêa foi o primeiro político a se apresentar ao Ministério Público para contar o que sabe em troca de redução de pena. Durante esse tempo, ele prestou centenas de depoimentos. Corrêa admitiu ter recebido dinheiro desviado de quase vinte órgãos do governo. De bancos a ministérios, de estatais a agências reguladoras. A sua delação está num calhamaço de 132 páginas. Com sete mandatos de deputado federal, Corrêa detalha esquemas de corrupção que remontam a outros governos, até chegar a era petista. Ele aponta como beneficiários de propina senadores, deputados, governadores, ex-governadores, ministros e ex-ministros dos mais variados partidos e até integrantes do Tribunal de Contas da União.
Conta como era discutida a partilha de cargos no governo do ex-presidente Lula, bem como narra episódios sobre pagamentos de propina dentro do Palácio do Planalto. O ex-presidente, segundo ele, gerenciou pessoalmente o esquema de corrupção da Petrobras. Ele conta sobre a ida de um grupo de parlamentares do PP ao Palácio do Planalto reclamar com Lula sobre a participação do partido na Petrobras. Lula, de acordo com Corrêa, passou uma descompostura nos deputados dizendo que a diretoria era “muito grande” e tinha de “atender os outros aliados, pois o orçamento” era “muito grande” e a diretoria era “capaz de atender todo mundo”. Os caciques pepistas se conformaram quando Lula garantiu que “a maior parte das comissões seria do PP, dono da indicação do diretor daquela área. Até agora, talvez esse seja o testemunho mais contundente sobre a participação do ex-presidente no esquema da Petrobras.