PANDEMIA OU AGONIA –

Hoje acordei distraído, sentei na cama, olhei para o céu e perguntei em pensamentos – Meu Deus quem sou eu? Para onde vou? Continuando olhando, passei um bom pedaço e compreendi que tinha sonhado. Sonhei com uma tarde fria, cinzenta, sem pessoas pelas ruas. Vou até a casa de meu pai na Rua Mossoró, e peço a chave do seu jipe Ford verde emprestado, ligo o motor, procuro os amigos de infância, Silvio e Claudio Procópio, Fernando e Paulinho Barbosa, Marcio e Valério Marinho, Joca e Eduardo Barbosa, Aldemir e Aldacir Vilar, Eduardo Moura, Valdenor e José Valdécio, José Narcélio e Elmano Marques, Caio Gurgel, Capitão, Bebeto Teixeira, Felix e Ivo Fialho, Paulinho Sobral, Gotardo Emereciano, Ivan Marcos e Paulo Brandão, Xuxa Eloi, Sergio e Marcio Lima, Ideval Junior, não vi ninguém. Liguei o jipe e fui em direção da Rua Mipibú, procuro os amigos Flávio e Haroldo Azevêdo, Carlos Limarujo, não estão, as casas não existem mais, vou até a Otávio Lamartine tento falar com Mauricio Maia, Ivan Leite, Roberto e Ronaldo Maranhão não consigo falar. Viro a esquerda e vou em direção da Rua Açu a procura dos amigos Gerson e Carlos Dumaresq, Paulo Cesar Cavalcante e Pedro Sergio Ferreira não encontro, procuro meus amigos Efrén e Ângela Lima estão ausentes,  vou até o Rio Grande, fechado,  continuo pela João Pessoa, não vejo a Confeitaria Mirim, o Bar dia e Noite, o Chopp de Chiquinho, O Caldo de Cana, o Bandern, olho na minha esquerda para o Bar Escondidinho, não vejo, o Grande Ponto está vazio,  os cinemas Rex e Nordeste não existem, vou pela Av. Rio Branco, procuro as grandes lojas e magazines estão ausentes, viro a direita pela Rua Ulisses Caldas e vou seguindo, em direção a Av. Deodoro, passo na casa de Eduardo Marinho ausente,  vou até AABB e paro em frente, não existe mais, sigo em direção à praia, vou até Areia Preta e procuro o bar É Nosso, não existe mais, O Iara Bar, A Peixada Iracema, o bar de Caindão, não existem mais, olho para o trampolim, não encontro , volto e vou até a Praia do Meio para  o barzinho em baixo do posto de salva vidas, não existe mais, sigo’ até O Postinho ( bar), não existe mais, Olho para ver se encontro A tenda do Cigano, não existem mais, vou até o restaurante de Dinarte goleiro do América que era na Sede do Pâmpano, não existe mais, sigo em direção da Casa de Maria Boa na Praia do Forte,  não existe mais, continuo em direção ao Forte, para ver se meus amigos estão batendo pelada na Praia do Forte, não vejo ninguém, olho em frente e vejo a Redinha, procuro ver se vejo os botes e as lanchas que faziam a travessia até a praia da Redinha, não vejo, volto meio preocupado e vou até o Restaurante da Rampa, não existe mais,  procuro as Carne de Sol do Marinho e do Lira, não existem, a  preocupação aumentando,  não vejo meus colegas de peladas lá do Canto do Mangue, não tinha mais ninguém, continuei em direção à Cidade Alta, passo pelas ruas Frei Miguelinho e Doutor Barata. Não vejo a Tipografia de Dinarte, as lojas Elias Lamas, Galvão Mesquita, O Limarujo, a tipografia de Carlos Lima. Seguindo não encontro Paula & Irmãos, a minha esquerda o restaurante A Cabana desapareceu. Vi a minha direita a REFESA único  prédio  da minha meninice, da juventude. Um senhor velhinho  barbado, ia pegar o trem e perguntei para ele – Senhor o que houve com a cidade, o que houve com todos ? Ele olhou para mim riu e disse – O trem anda muito depressa, algumas pessoas desceram em outras estações, outras mudaram de endereços, os prédios e lojas viraram entulhos, é assim a vida – Você vai viajar agora? Respondi que não, vou entregar o jipe de papai. Por fim fui entregar o jipe mas, não encontrei à casa de papai.

 

 

Guga Coelho Leal – Engenheiro e escritor, membro do IHGRN

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