O DEUS DA VITÓRIA –

“Eu vi debaixo do sol que o prêmio da corrida não é para os mais velozes, nem a vitória na guerra para os mais fortes”. (Livro do Eclesiastes, capítulo 9, v. 11).

“Não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos”. Livro do Profeta Zacarias, capítulo 4, v. 6).

Ambas as declarações acima têm a aparência de um paradoxo. É a celeridade do passo que permite a vitória na corrida. Seria de esperar que as guerras fossem ganhas pelo beligerante que impressionasse pela estratégia e pelo número de divisões militares; pelo abundante e adequado equipamento e munições.

As condições da pista da vida podem modificar o desfecho da corrida. Os números da batalha podem ocasionar congestionamento e amotinação. Muitos têm surgido na liça da vida com todos os fatores capazes de assegurar-lhes completo êxito, boa herança prestígio, capacidade e boa situação financeira. Mas os imprevistos os colheram de surpresa, antes de atingirem a meta.

Ao contrário, afirma o profeta Isaías: “Os que esperam no Senhor renovarão as forças; subirão com asas como águias; andarão e não se cansarão” (Isaías 40:29). Senaqueribe, rei da Assíria, mandou cercar Jerusalém com repetidos recados insultuosos; com ameaças e desdém, terminando com um ultimato. Isaías nos diz que o rei Ezequias subiu à Casa de Deus; prostrado, estendeu a carta diante de Deus e orou, dizendo: “Nós sabemos que os reis da Assíria já assolaram todos os países. Salva-nos”. Deus lhe respondeu: “Senaqueribe não atirará nem uma seta contra Jerusalém; pelo caminho que veio voltará, porque Eu, Jeová, defenderei esta cidade”. Naquela noite, o anjo de Deus entrou no arraial assírio e 180.000 foram fulminados. Senaqueribe mal chegou a Nínive para ser morto pelos filhos e substituído no governo (II Reis 19:35).

Não subestimemos a verdade da Escritura. Ela não endossa a displicência, a indiferença ou a preguiça. Deus quer que corramos a incerta pista da vida com a certeza de que Ele está presente conosco todos os dias.

Uma das ridículas concepções sobre a vitória é a de que o homem deve imprimir acelerado ritmo no passo. Em cada manhã, porém, os jornais nos trazem extensa lista dos que morreram na noite anterior de colapsos diversos, nervosos, cardíacos e cerebrais. Abandonemos a concepção pagã do êxito e deixemos de confiar na velocidade medida pelo cronômetro. A hipertensão da velocidade do século XXI está orientando-se pelo calendário e pelos relógios; pelos telescópios e pelas bússolas. É difícil convencer o homem de que o universo e o homem são criações de Deus, estão nas mãos de Deus e são dirigidos por Deus. É a incredulidade que caracteriza a nossa geração.

Vale advertir que a vida sem Deus é a mais arriscada empresa. É improcedente e atrevida a suposição de que devemos correr a pista da vida à revelia de Deus.

O ateísmo formal é a nova doxologia; é o credo, o manifesto dos cristãos auto-suficientes que ignoram a sabedoria bíblica de não ser dos velozes o êxito da corrida. A fé está atenta ao comando divino, porque ela sabe que a aboboreira cresce em poucas semanas, mas que o carvalho demanda muito mais tempo. Os homens, subestimando o conhecimento sobre Deus, procuram aperfeiçoar seus próprios conhecimentos, de cujos resultados eles próprios têm medo; vivem fascinados por Baco e Tabaco; Mamon e Vênere: bebida, fumo, dinheiro e sexo que, segundo um prolóquio, reduzem o homem a cinzas.

Em conclusão, façamos nossas as palavras do Salmista no Salmo 46: “Deus é nosso refúgio, fortaleza e socorro bem presente na angústia. Portanto não temeremos, ainda que a terra se mude e os montes se transportem para o seio dos mares. Ainda que as águas rujam e se perturbem, abalando os montes pela sua braveza. Há um rio cujas águas na sua correnteza alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do altíssimo. As nações se esbravejam; os reinos se movem. Deus levantou a sua voz e a terra se derreteu. O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é nosso refúgio. Vinde, contemplai as obras de Deus. Ele faz cessar as guerras até os confins da terra; quebra o arco e corta a lança; queima os carros no fogo. Aquietai-vos, pois, e sabei que Eu sou Deus; serei exaltado sobre a terra. O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio”.

 

 

Josoniel Fonsêca – Advogado e Professor Universitário, Membro da Academia de Letras Jurídicas do Rio Grande do norte (ALEJURN),  [email protected]

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