MISTÉRIOS E DÚVIDAS INSONDÁVEIS –

A religião do futuro será cósmica e transcenderá um Deus pessoal, evitando os dogmas e a teologia”. (Albert Einstein)
A conversa de hoje vai, provavelmente, conduzir o caro leitor a repensar questões que, na correria cotidiana, pós-moderna, não tem tempo para parar e refletir. Dúvidas existenciais.
Guardo uma atitude de perplexidade em relação às questões do transcendente: como surgiu o Universo? O Universo, foi criado ou apenas evolui e se expande infinitamente desde sempre? Por que existimos? Quem somos nós? Qual o sentido da vida humana? Existe vida após a morte do corpo físico, ou não? O que é o pensamento? O que realmente cria, arquiteta e decide, o cérebro (órgão físico) ou a mente (espírito)? Os espíritos permanecem entre os encarnados, ou se reintegram ao fluido universal? A matéria é uma forma transitória de energia, ou não? Tudo é energia, ou não? O tempo é relativo, ou é apenas uma convenção? As emoções têm base química, ou não? Há vida em outros planetas, ou não?
Minha mente flutua ora na direção da certeza, ora na direção da dúvida.
Todavia, existe uma questão ainda mais complexa que exige seriedade no seu tratamento.
Dia desses, ao afirmar que, honestamente, eu não conseguia compreender a questão da existência (ou não) de Deus, fui acusado de ateu. Protestei, pois me considero apenas um livre pensador, cujo cérebro limitado não alcança essa clareza acerca de algo tão complexo, digamos, fenômeno transcendente.
Poderia afirmar, com outras palavras, que eu não fui tocado pela graça de acreditar, de ter Fé.
Para julgamento do leitor, vou tentar definir os dois conceitos.
Ateu é aquele que se opõe terminantemente à ideia de Deus, seja qual for o nome ou aspecto sob o qual ele apareça. Ateísmo é apenas o nome que se dá ao estado de ausência de teísmo. (Ver História do Ateísmo – George Minois. São Paulo: Ed. Unesp, 1946).
O agnóstico, por sua vez, não se opõe propriamente a Deus, mas, sim, declara a (im) possibilidade de a razão humana conhecer tal entidade (gnose, palavra grega, significa «conhecimento»).
Os agnósticos achamos que, assim como não é possível provar racionalmente a existência de Deus, é igualmente impossível provar a sua inexistência, logo, constituindo um labirinto sem saída a questão da existência de Deus. Agnóstico é quem acredita não ser possível conhecer a Verdade sobre determinada questão ou fenômeno.
Por outro lado, há quem conjecture, frente à situação de miséria e violência crescente no mundo atual, que o século XX foi o século da morte de Deus. A religiosidade, todavia, continua viva em todas as sociedades. Como explicar a permanência histórica de religiões milenares?
Por sua vez, a Ciência positivista, da Mecânica euclidiana, fundada no Empirismo, desprendeu-se definitivamente de qualquer apelo ao sobrenatural, separando-se das crenças. Pergunto:
O que é Deus? Provavelmente, não seria um ser humano, uma pessoa, pois estaria presente em toda a imensidão do Universo, com bilhões de galáxias. Impossível para nossa limitada capacidade de deslocamento.
A mais atualizada posição sobre esta complexidade é apresentada pelas descobertas da Física Quântica, porquanto nos leva ao surpreendente mundo das nanopartículas, subatômicas, no qual os fenômenos ocorrem sob o conceito da não-localização e apenas quando são buscados pelo pesquisador. Ou seja, podem estar em qualquer parte e só se manifestam quando são procurados. Nessa direção, cientistas já encontraram uma partícula existente em todo o Universo, o bóson de Higgs, mais conhecido por partícula de Deus.
Deus seria uma inteligência universal composta e sustentada por energia quântica? Presente em todos os fenômenos, mas somente se manifesta quando é procurado? Seria a unificação da Ciência com a Religião?
Nossa existência parece um grande mistério insondável. Prefiro admitir minha incapacidade de compreender, a abraçar uma hipótese infundada ante este grande ponto de interrogação que é a vida.
Sejamos honestos: somos seres complexos, maravilhosos, capazes de empreendimentos notáveis, mas também bastante limitados, e não temos todas as respostas ao nosso alcance – pelo menos ainda não.
Relembro que, segundo o texto bíblico, à frente de Pôncio Pilatos, Jesus silenciou quando aquele lhe perguntou: o que é a Verdade?  Se até Jesus calou, quem sou eu para afirmar que compreendo algo tão grandioso? Acho que estou em boa companhia. Fica o leitor com a tarefa de concluir essa reflexão.

Rinaldo Barros é professor[email protected]

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