MEU TEMPO PASSOU? –

Como as coisas mudaram.

Sou do tempo que mulher usava anágua, calcinha e sutiã.

Sou do tempo em que “avançar o sinal” era colocar a mão no joelho dela.

Sou do tempo que “Olhe o lance” era olhar de soslaio entre as coxas de uma jovem para ver uma ponta da calcinha.

Sou do tempo que “fazer sexo” com moças era um beijo colado na boca. Embora já existissem algumas prafentex, que usavam outros métodos muitos usados, hoje em dia.

Sou do tempo que bermudas só se usavam em casa, para ir à praia ou campo de futebol.

Sou do tempo do baile das debutantes.

Sou do tempo que picolé se chamava poli.

Sou do tempo em que Presidente da República, Reitor e Cachorro (Cachorro, também com letra maiúscula) tinham que ter pedigree.

Sou do tempo que se namorava até as dez horas da noite e fugia pra casar.

Sou do tempo que ao deitar pedia-se a benção aos país.

Sou do tempo em que fumar na frente dos pais era falta de respeito.

Sou do tempo em que às mulheres (em maioria) casavam virgens.

Sou do tempo em que analfabeto era quem não sabia ler.

Sou do tempo em que à juventude universitária participava das decisões políticas do país.

Sou do tempo de andar de lambreta, jogar pelada no meio da rua, bater papo no Grande Ponto.

Sou do tempo em que carro de luxo era fusca, DKV, Simca ou Aero Willys.

Sou do tempo em que banho de piscina era nos tanques da Praça Pedro Velho.

Sou do tempo que o Natal e Ano Novo se comemorava em família.

Sou do tempo em que intimidades de namoro não se levavam pro quarto, os pais não aceitavam que suas casas fossem motéis. O Lar era um lugar sagrado.

Sou do tempo em que medicina não era profissão e sim um sacerdócio.

Sou do tempo que auxiliares de governos tinham competência para os cargos.

Sou do tempo em que você não tinha receio de dormir em sua casa de praia, casa de campo, com medo de assalto, estupro ou ser morto por bandidos.

Sou do tempo em que som alto em carro era negócio de “Maracatu Palombeta.”.

Sou do tempo que “Amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito”.

Sou do tempo em que à palavra e a honra de um homem são intocáveis.

Sou do tempo que se construíam estradas dentro das normas, que se tinha muito zelo pela conservação das mesmas, e que as vidas humanas eram preservadas. Desastres aéreos um de dez em dez anos. Os serviços públicos eram moralizados.

Sou do tempo que as moças tomavam postafen para aumentar a bunda.

Sou do tempo que relaxe e goze só se dizia a mulher da gente, ou as meninas de Maria Boa quando não tinha dinheiro para pagar “os encargos”.

Sou do tempo em que os rapazes faziam serenata para moças.

Sou do tempo que meninos jogavam bola e menina brigavam de boneca

Sou do tempo que telefone celular era uma caixa de talco cortada ao meio e cada extremidade amarrada em um cordão.

Sou do tempo que o professor entrava em sala de aula e os alunos se levantavam das cadeiras.

Sou do tempo que os rapazes iam esperar as namoradas nas saídas dos colégios.

Sou do tempo que corno e dificílimo de encontrar.

Sou do tempo que o shopping era o Mercado Público da Cidade Alta.

Sou do tempo que a praia chique de Natal era a Praia do Forte.

Sou do tempo do michou e ai, pisa na fulô e poft, carecou

Sou do tempo das travessias de bote ou lancha no rio Potengi para a Redinha.

 

 

 

Guga Coelho Leal – Engenheiro e escritor, membro do IHGRN

As opiniões emitidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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