Luiz Tavares era um homem bom, amigo de todos e conhecido por sua força fora do comum. Amigo de meu pai e eu amigo dos seus filhos. Sobre Seu Luiz (era assim que eu o chamava) tinha muitas histórias alegres para ser contadas.

Foi lançado o Loteamento Kutuvelo, na praia de Cotovelo. Era dono o Sr Ismael Wanderlei e vendido com financiamento do Bandern. Estava no começo. Eu tinha uma namorada, uma mulher muito bonita, não posso dizer o nome para o marido não fazer como aquela criatura que quis fazer sucesso as minhas custas. Por ela faria e ainda faço dentro do possível, o que ela me pedir.

Pois bem, a namorada queria comprar um terreno na rua de beira de praia e pediu-me para ver este loteamento. Por sorte seu Luiz era o corretor. Acertei dia e hora e fomos. Chegando ao local seu Luiz já nos esperava em seu Jeep Willys de cor azul, sem capota, por isto ele usava um grande chapéu de palha.

Apresentei a minha amada e para surpresa os dois já se conheciam, pois tinham morados na mesma rua. Seu Luiz educadamente começou a mostrar os terrenos, os da beira mar todos vendidos, ela educadamente dizendo que não queria aqueles porque não via o mar. Seu Luiz nos levou para um alto em Cotovelo, onde se via toda praia. Era um morro, ela elegantemente para não dizer não, alegou que ali tinha muita areia, Seu Luiz ouviu, olhou para mim, olhou para ela, começou a enrolar suavemente a planta do loteamento e disse bem calmo com a voz bem grossa que tinha.

– Minha senhora, com os meus respeitos, a senhora vá comprar terreno na lua, pois aqui na terra a onde a senhora for comprar tem areia, e,  pausadamente – muita areia!

Certa vez, Seu Luiz vinha de viagem e era tarde da noite, por isto parou na cidade paraibana de Mamanguape. Estrada ruim ele preferiu dormir por lá. Sem companhia, lógico que foi atrás de uma. Pois bem estava ele tomando umas com uma mulher em uma boate quando chega um destes preziarcas e diz bem alto:

– Ah, o senhor é Luiz Tavares lá do Rio Grande do Norte! Já conheço sua fama, dizem que o senhor tem força, que é brabo, quero ver o galo cantar no terreiro dos outros.

Seu Luiz calado tava, calado ficou. Pois bem o sujeito achando pouco, levantou o rosto da mulher e enfiou goela adentro a dose que a pobrezinha estava bebendo. Mas, deixou a guarda aberta. Seu Luiz aproveitou a deixa, deu uma tabacada no queixo deste cidadão que ele caiu com todos os caninos e incisos espalhados pelo salão.

Amigo velho, foi um bofete tão feladaputista que o infeliz não acordou mais. Chamaram o delegado, que já conhecia seu Luiz, e a autoridade constituída vendo o cidadão inerte no solo pátrio, disse, finalizando o tumulto:

– Seu Luiz o senhor fique tranqüilo que eu já lhe conheço, sei que o senhor é de paz. Só preciso que o senhor me faça um favor. Me empresta esta caixa de fósforos para que eu possa juntar os dentes deste filho de uma égua que estão espalhados pelo salão!

Guga Coelho LealEngenheiro e escritor

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