Nascido na cidade de Baixa Verde hoje João Câmara, formou-se em engenharia e veio exercer a profissão em Natal, onde casou e constituiu família e um grande número de amigos.

Professor Bittencourt como era chamado pelos amigos, alunos e colegas, foi um dos fundadores da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte onde foi diretor, fundou também o Colégio Dinâmico, foi membro da Academia Norte Rio Grandense de Ciências, 0nde exerceu a sua presidência, e pertenceu a Maçonaria no RN.

 Era um homem dedicado a tudo que exercia. Bom pai de família, bom professor, querido por todos seus alunos e amigos. Tinha um cacoete de usar a palavra “evidentemente” quando ia esclarecer um fato ou discordar dele sem contrariar o colega ou o aluno e sempre fazia usando a palavra, sendo que no final acrescentava um “mas” para sua justificativa. “Evidentemente Fulano você tem razão, mas eu acho” ai dava a sua opinião sem discordar ou magoar o outro. Por isto ganhou o apelido de “Professor evidentemente”

De uma bondade imensa era incapaz de magoar ninguém, repito era muito querido por todos. Comigo então foi um dos irmãos que adotei, pois sempre foi leal. Certa vez, tive uma discussão com um professor que jurou que ia me reprovar, então eu dei o troco dizendo que eu lhe dava uma surra. Bom, o atrito tava formado e chegou aos ouvidos de professor Zé (assim eu o chamava), ele chamou os dois e ouviu a conversa de cada um e não deixou de resolver o problema, designou um professor só para mim ensinar.

Um belo dia chega um vendedor de livros, dá de cara com o colega Alex Nascimento e pede para falar com professor Zé. Alex muito “moleque” olha para o moço e diz: Eu vou levar o senhor até o professor Bittencourt, o senhor fale alto porque ele é muito mouco. Foi até a sala de professor Zé e disse: Professor tem um vendedor de livro que quer falar com o senhor, agora o senhor fale muito alto, porque o homem é mouco mouco, não ouve nada.

Professor Zé deixou seus afazeres e foi atender o vendedor. Tinha uma divisão de vidro na sua sala e fomos ver a conversa. Cada um gritava mais do que o outro. Em um dado momento professor Zé olhou pelo vidro, e viu que nós estávamos morrendo de ri. Ele riu, coçou a cabeça e perguntou ao vendedor.

– O senhor é mouco? Veio a resposta.

– Não, me disseram que mouco é o senhor.

Os dois riram e tudo terminou em paz.

Com sua bondade gostava de fazer poesia, foi jovem freqüentador da casa de meu avô, por isto tinha grande afeição a minha pessoa e eu a ele.

 Partiu, deixando grande amigos, muitos irmãos por afinidade. Certamente está no lugar dos justos, pois este sem dúvida é o seu lugar.

Guga Coelho Leal – Engenheiro e escritor

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