Expectativa na legenda é de que o senador peça seu desligamento. Se não falar até terça-feira, Demóstenes enfrentará processo para sua expulsão da sigla.

São esperadas para esta segunda-feira as explicações prometidas pelo senador Demóstenes Torres ao seu partido, o DEM. A situação do parlamentar complicou-se ainda mais neste final de semana, com novos indícios de sua relação com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Gravações feitas com autorização da Justiça pela Polícia Federal – e obtidas com exclusividade por VEJA – demonstram que, entre Demóstenes e Cachoeira, existia uma sociedade de interesses mútuos — o contraventor dava presentes e dinheiro; o senador retribuía advogando em favor dos negócios do sócio.

Em VEJA desta semana: O senador desce ao inferno

Se não apresentar explicações até a noite desta segunda, Demóstenes vai enfrentar um processo de expulsão do partido a partir de terça-feira. A expectativa no DEM é que o próprio senador peça seu desligamento da legenda. “O partido deu prazo até terça-feira, pela manhã, para ele apresentar argumentos contundentes, o que consideramos cada vez mais difícil, em função da quantidade de evidências que envolveram o senador. Se ele não apresentar uma defesa contundente e consistente, haverá abertura de processo de expulsão. A situação dele é muito difícil e, se ele não conseguir trazer elementos mais consistentes e contundentes, ficará insustentável”, afirmou ao jornal O Globo o deputado ACM Neto (DEM-BA).

Trasparência: Cachoeira, em gravação: ‘O Policarpo nunca vai ser nosso’

Demóstenes se reuniu na noite de domingo com seu advogado, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. De acordo com a defesa, não há qualquer possibilidade do senador renunciar ao cargo. No domingo, o presidente da OAB, Ophir Cavalcante, pediu a renúncia imediata de Demóstenes.

Pilhado em uma investigação da Polícia Federal que mapeou os negócios de Cachoeira, Demóstenes Torres viu sua biografia virar pó desde que começou a ser revelada a amplitude de suas relações com o contraventor. Descobriu-se que o senador — que em público tinha um comportamento reto, vigilante — possuía uma conduta bem diferente no ambiente privado. Conforme VEJA revelou em sua edição de 7 de março passado, Demóstenes gozava da intimidade do contraventor, com quem falava em média duas vezes por dia, e dele recebeu de presente uma geladeira e um fogão importados avaliados em 30 000 reais.

Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal abriu inquérito para investigar Demóstenes. “Meu cliente é vítima de uma investigação ilegal”, afirma o advogado do senador. A investigação promete causar danos também em outras frentes. Os grampos telefônicos põem na cena da máfia os governos de Brasília, comandado por Agnelo Queiroz (PT), e de Goiás, controlado por Marconi Perillo (PSDB). Em Brasília, as escutas indicam que o grupo tinha acesso ao gabinete de Agnelo. Inclusive para fazer indicações políticas. Carlinhos Cachoeira está preso desde o dia 29 de fevereiro. Outros seis parlamentares estão envolvidos em negociações com o contraventor.

Fonte: Revista Veja 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *