CRIANDO ESPAÇOS SOCIAIS –

Estamos cada vez mais ficando em “casa”.  O mundo lá fora não está merecendo a confiança que antes desfrutávamos, uma vez que a insegurança vem nos assombrando a cada ida ou vinda para algum lugar, mesmo que seja logo ali.

Ir visitar alguém, ir passear na pracinha com os amigos, ir à aula de pintura, de canto, de se reunir para fazer trabalhos lúdicos e ocupacionais, parece impossível como recreação e renovação da qualidade de vida que deveriam ser comuns a crianças, jovens e adultos, com destaque principalmente para aquele que apontaram em direção a 50, 60, 70 anos…

Devemos então ficar inertes?

Claro que não. Afinal o ser humano é por sua natureza, criativo, e com tal, um leque de opções podem dissimular o estado tensional e, reciclá-lo em ações motivacionais através do compartilhamento interativo, criando espaços sociais, notadamente nos tantos condomínios que habitamos.

Ora, se a cada concepção arquitetônica, as áreas construídas vão nos confinando a um simples “quadrado”, necessário se faz que busquemos as de uso comuns, para justamente ter um fôlego maior e fugir do possível tédio que possa nos acometer diariamente.

Para exemplificar, fui visitar um amigo em uma das torres de um condomínio de dois quartos, em Candelária, exatamente no “meio da tarde” de um dia calorento. Não preciso dizer que tal cubículo era do lado “brioso” do rei solar. A avó assistindo televisão, a mãe costurando, o pai lendo jornais, o filho fazendo tarefa escolar, a filha procurando um lugar para as “suas”. Cada qual em seu canto? Não. Todos na salinha única, que precedia os quartos. Um simples toque na campainha desconcentrou a todos.

No entanto, o salão de festas – desocupado; o jardim arborizado com banquinhos sem moradores para o deleite da leitura ou uma conversa amena; o deck da piscina – com mesas e cadeiras livres. Todo esse espaço, exemplificado, para não ir a outros condomínios de porte médio ou bem maiores.

Esses espaços seriam bem mais úteis além de cumprir sua função meramente “egoística” chamada de “uso comum”, que, na realidade, são utilizados quando “feita reserva pessoal”. Que tal criar “espaços sociais”, com algum tipo de programação planejada para encontro com os vizinhos, onde atividades de “conversar”, “ler”, “fazer trabalhos manuais”, “ter aula de dança”, “fazer movimentação corporal”, “plantar uma horta” pudessem ser salutar ao convívio com os diferentes estilos de vida das pessoas que simplesmente acionam seus controles remotos e se “enfurnam” nos “apertamentos”. Certamente aproveitar essas áreas com seus vizinhos e família pode gerar uma melhor qualidade de vida para todos.

Arregimente adeptos para “tocar” esses momentos de salutar relacionamento. Nas reuniões do seu condomínio sugira algumas atividades que podem ser feitas em conjunto: um almoço tipo “cada um traz um prato”; “os aniversariantes do mês”; “um bingo de prendas doadas”, e tantas outras atividades simples que podem melhorar a integração entre as pessoas nos espaços comuns.

Muitos condomínios, hoje, são verdadeiros clubes com quadras poliesportivas, piscina, academia, ambientes de recreação para crianças, mas raramente se otimizam o uso destes espaços de forma mais frequente entre os moradores.

E os idosos?

Sim os idosos também precisam de opção para seus relacionamentos, fundamental para se manterem ativos, tanto física quanto mentalmente.  Não se enganem, os idosos têm muito a enriquecer o ambiente de convivência cheios de “histórias” e “vivências” que contribuirão para a interação entre as diversas fases da vida. Afinal o bom humor, a simpatia e a diversão não têm idade.

Jogos de mesa – dados, xadrez, carteado, dominó, palavras cruzadas, e até jogos digitais serão bem aceitos por eles, como também falar sobre os livros lidos, os filmes que marcaram épocas, como conheceram seu “amor”. Não faltará alguém que tenha interesse em coordenar essas atividades com o intuito apenas de “passar” o tempo de forma ativa e feliz, mais social e alegre.

Com certeza o ambiente ficará mais saudável pela prática simples dessas ideias que podem melhorar a comunicação e o respeito mútuo, além de estreitar os vínculos de amizade e confiança entre os moradores, evitando inclusive até algumas discordâncias que parecem sem fim.

Topam experimentar?

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil e Consultor ([email protected])

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

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