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Conversando com o Blog 

O agro-pecuarista Mano Targino vem se destacando como um dos bem sucedidos empresários no setor de alimentos em Natal. Ele é especialistas em Embutidos e Defumados, comandando com sucesso sua loja Patanegra, na avenida Rodrigues Alves, esquina com a Rua Mossoró, que escoa toda a produção da sua fazenda, o Rancho Beradêro, na vizinha cidade de Macaíba. E ele já tem recebido inúmeras propostas de parceria para distribuição dos seus produtos, noutras cidades do estado e fora dele. Foi exatamente com Mano Targino que o blog Ponto de Vista RN conversou esta semana, sobre esse novo e promissor nicho de mercado.

 

P- Como e quando começou essa história?

R- Vem do tempo em que o meu pai Osnildo estudou Geologia em São Paulo e conheceu o Dr. Piquet, avô do tri-campeão da Formula 1 Nelson Piquet. Ele trabalhava numa mina de ouro e foi quem apresentou a papai o Toucinho de Fumeiro, o moderno bacon. Eles se tornaram muito amigos e eu cresci ouvindo essa história e a apreciação do meu pai a esse produto. O tempo passou e somente em 2008, dois anos após a sua morte, é que eu fiz o primeiro defumador lá na fazenda de Messias Targino.

P- Quando a primeira loja foi montada?

R- A primeira loja nos moldes atuais foi montada no ano seguinte, em 2009. O local era pequeno, uma área de apenas 19m2 e que tinha apenas uma mesa redonda, doação de um cliente. Era ali na esquina com a Prudente de Morais, onde degustávamos os primeiros produtos de nossa fabricação. Mas antes do Patanegra, eu já tinha tido experiência com o Beradêro, pioneiro em comida regional, de 1997 até o ano 2000. E ainda mais atrás, a primeira de fato, com a Quarto de Milha, uma chácara entre Natal e Macaiba, voltada ao público amante de vaquejada. Isso no final de 1993. Há vinte anos portanto estou nesse ramo. Hoje o Patanegra está aqui em Petrópolis, esquina com a rua Mossoró. E há 1 ano e meio ele tem uma clientela cativa. Nessas férias estivemos em Pirangi do Norte, numa parceria com a Mr. Churrasco, e também em Tabatinga, com a própria Patanegra.

P- Quantos produtos você fabrica hoje? 

R- Hoje já temos um total de 60 produtos. Os mais procurados são: pernil de porco; pernil de carneiro; o Percoretta, um ótimo produto, que foi batizado assim pelo desembargador federal Marcelo Navarro; as Bombinas (linguiças minúsculas) de porco, carneiro, boi e frango; queijo tipo parmesão desidratado; o tradicional toucinho de fumeiro; leitões e cordeiros com menos de 30dias; presunto de cordeiro curado (único produtor mundial); além de pratos nordestinos, como a paçoca a vácuo e o picado de cordeiro suíno. E ainda o Churrasco grego, fabricado pela mesma máquina que faz o quebab árabe.

P- Você já exporta seus produtos para outros estados?

R- De fato estamos começando a exportar o defumado de cordeiro para Pernambuco, Ceará e a Paraíba. Neste, já temos uma sólida parceria com uma empresa local. E enviamos também para alguns outros estados de outras regiões. Como Brasilia, Rio Grande do Sul, Goiás e Minas Gerais. Mas a maior preocupação é com o mercado local, que ainda está em expansão. Hoje eu produzo na fazenda de Macaiba 100% dos suínos e bovinos; e 50% da criação dos cordeiros, que alterno com parceiros produtores.

P- Já pensa em adotar um sistema de Franquia?

R- Ainda não pensei nisso, porque a nossa produção é pequena, Para você ter ideia, eu tenho estoque de 160 pernis de porco em Cura. Para começar a pensar em franquia, eu precisaria ter um estoque de 500. Mas, como disse há pouco, já tenho algumas boas parcerias e topo outras. Na Paraíba, por exemplo, a parceria está funcionando muito bem.

P- Por que PATANEGRA?

R– Patanegra é uma raça de porco espanhol, cujo nome já de domínio público. Muitos empreendimentos tem esse nome, até em várias outras áreas. Resolvi assim homenagear um pouco a Espanha. Um dado curioso: 1 kg do patanegra ouro, com cinco anos de Cura custa E$1.500 lá na Espanha. Aqui em Natal eu vendo o meu defumado a R$130,00 o kilo. Com uma qualidade excepcional. Portanto, não precisa ir a Europa para comer defumados e embutidos de boa qualidade. Os daqui já são muito bons. E bem mais baratos.

P- Você faz reciclagem periódica em outros países?

R- Periodicamente sim. Para me aperfeiçoar. No ano passado, por exemplo, estive na Áustria e na Hungria. O resultado da viagem é que ao voltar incluí no meu cardápio o joelho de porco defumado e a linguiças curadas com páprica. Por estar sempre me reciclando vez por outra recebo convites para dar palestras em cursos de Gastronomia nas nossas universidades.

P- Você, que já ocupou cargo público, se considera um político? 

R- De 2000 a 2003 eu presidi o IPEM e achei que foi uma boa experiência. Na verdade acho que todos nós somos seres políticos. E não dá pra esquecer que a política é uma cachaça. Às vezes ela fica hibernando e de vez em quando aflora. Contudo…

P- Toparia voltar a ser Executivo ou o Legislativo também o atrai?

R- Eu gostei de atuar como executivo sim. Mas acho que atualmente exercer um cargo executivo é temerário e perigoso. Ele mete medo em quem tem bom senso. Já o legislativo é menos complicado. Mas o fato é que esse é um sonho reprimido, que acho já passou a fase de execução. Talvez eu o realize com a nova geração, a dos filhos.

P- Quer dizer que a preferência hoje é pela Iniciativa Privada ?

R- Sim. Apesar dos problemas que a gente enfrenta, como a elevada carga tributária e a falta de apoio para nós que produzimos as nossas riquezas. Acho que os políticos deveriam pensar mais no crescimento da economia, do que nas eleições que ocorrem a cada dois anos. Outra coisa: nesse meu ramo, seria bom que as Secretarias de Turismo estadual e municipal olhassem de forma mais objetiva para ele, que pode até se transformar num produto turístico. Afinal, gastronomia é cultura. E cultura é ativo turístico em todo lugar do mundo. Só falta ser aqui também.

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